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Trote: “senti na pele como é ser calouro” – PARTE 1

Repórter do GUIA DO ESTUDANTE se infiltra entre os "bixos" da Unicamp e conta como foi passar, mais uma vez na vida, pelo trote

Por por GUILHERME DEARO, em Campinas (SP)
Atualizado em 16 Maio 2017, 13h55 - Publicado em 11 fev 2011, 15h19
Trote: “senti na pele como é ser calouro” – PARTE 1

Antes: roupa e cabelo ainda intactos. Até quando?
Foto: Marina Piedade

Todos os anos no Brasil cerca de 5 milhões de jovens fazem matrícula em alguma instituição de ensino superior. E com ela vem algum tipo de ritual. De uma formal assinatura de papel a uma grande bagunça com tinta, farinha e ovo, não há calouro que não tenha que encarar, pela primeira vez, a sua faculdade e seus veteranos.

Quatro anos atrás, lá estava eu tendo o cabelo cortado e levando muita tinta no trote da faculdade de Jornalismo. E eu nem podia imaginar como seria a recepção dos veteranos, as aulas e os quatro anos inteiros pela frente! E eles passaram voando.

Se tanta gente vivencia isso todos os anos, e ainda assim tem aqueles que, passando no vestibular, sentem medo ou não fazem a mínima ideia do que esperar, fui enviado para viver de novo a experiência e contá-la a quem ainda espera vivê-la sob o ponto de vista que realmente interessa: o daqueles alegres estudantes cobertos de muita tinta e merecida glória.

Foi com essa ideia que rumei na manhã de quinta (10) a Campinas, cidade a 93 km de São Paulo. Objetivo: me passar por um calouro de Medicina na Unicamp. Sem revelar minha identidade, teria que ser mais um “bixo” dentre os 100 novos estudantes daquele curso. E passar pelo que viesse pela frente, coisa boa ou ruim.

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Expectativas
Dias antes da reportagem, vi fotos de um trote em que estudantes totalmente pintados levavam “ovadas” e “melanciadas”, sempre com uma cara de “estou odiando tudo isso, mas preciso sorrir e fingir que sou descolado”. Me perguntei seriamente: “onde estou me metendo?”

– Confira as fotos do trote de Medicina da Unicamp

Não pude evitar a apreensão e o medo, simplesmente por não saber o que me esperava. Veteranos com muita tinta, ovo e bom-senso? Ou estudantes ensandecidos dispostos a maltratar seus calouros? O único jeito de descobrir era indo até lá.

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Na véspera do trote, vasculhei nas comunidades da faculdade nas redes sociais alguma pista do que me esperava. Em uma delas, quando perguntei se teria tinta, ovada e lama, “porque aí já levava uma roupa velha para estragar”, os veteranos não perderam tempo em responder de maneira clara: “é bom ir de terno e gravata”, respondeu um. “Relaxa, vai ter Samu [Seviço de Atendimento Móvel de Urgência] de prontidão”, alertou outro. Ufa, aí sim fiquei aliviado.

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