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Trote: “senti na pele como é ser calouro” – PARTE 2

Repórter do GUIA DO ESTUDANTE se infiltra entre os "bixos" da Unicamp e conta como foi passar, mais uma vez na vida, pelo trote

Por por GUILHERME DEARO, em Campinas (SP)
Atualizado em 16 Maio 2017, 13h55 - Publicado em 11 fev 2011, 15h28

Trote: “senti na pele como é ser calouro” – PARTE 2

Veterana do centro acadêmico explica as atividades da semana de recepção na Unicamp
Foto: Marina Piedade


Preparação

No trote eu seria Guilherme Vieira (meu outro sobrenome), 19 anos, de São Paulo, um ano só de cursinho para entrar naquela faculdade, fora a tentativa durante o ensino médio. Para não dar com a língua nos dentes, estava com alguns números memorizados, caso me perguntassem. Usando os dados de um amigo que passara – de verdade – naquele vestibular, mas que não faria a matrícula, eu diria, caso me perguntassem, que tinha passado na 28ª colocação e que tinha feito cerca de 700 pontos.

Também dei uma olhada nos números, só para sentir, afinal, o tamanho daquilo tudo – entender quem “eu era”. E, como toda faculdade de Medicina, não é fácil passar. Meus colegas de trote com certeza tinham recusado muitas festas e diversão ao longo do ano (ou anos) para se dedicar às provas.

Cada um tinha deixado para trás 103 candidatos, a maior relação candidato/vaga de toda a universidade. Além disso, em 2011 o vestibular bateu recorde de inscritos: 57.201 concorrentes. Tudo isso para encarar três redações, 48 questões de múltipla escolha e 72 dissertativas. É, os caras são bons mesmo.

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Meu personagem era também um cara meio tímido, que não toparia de cara tudo que os veteranos dissessem, justamente para ver até que ponto alguém ali seria obrigado a fazer algo. Mas, como eu perceberia ao longo dia, o trote passaria longe de qualquer intimidação.

Chegada
Logo ao entrar na Faculdade de Ciências Médicas, o som distante do surdo já deixava clara a agitação. No local, a bateria universitária colocava o pessoal para dançar, que às 10h já eram muitos. A cor vermelha predominava. Eram os estudantes da atlética que, junto com o pessoal do centro acadêmico, organizavam a matrícula.

Fui logo recebido por Guilherme, um veterano que me deu os parabéns pela aprovação e me explicou onde ficava o local da matrícula propriamente dita, ou seja, entrega de documentos, assinaturas e outras burocracias. Eu levava comigo um envelope debaixo do braço, fingindo serem meus documentos. Isto, junto com a cara de cachorro que caiu do caminhão de mudança, são as características básicas de um “bixo” em dia de matrícula.

Não poderia entrar no auditório para me matricular, então enrolei em um canto, evitando chamar a atenção. Depois de um tempo, vendo que os veteranos já estavam mais distraídos, me aproximei e logo uma veterana, Bárbara, me abordou e perguntou se eu já tinha feito a matrícula. Resposta positiva. Então era hora de conhecer todas as entidades da Med-Unicamp.

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