A segunda fase da Unicamp 2023 está cada dia mais perto. As provas, que acontecem nos dias 11 e 12 de dezembro, são a etapa final do processo seletivo – a primeira fase ocorreu em 6 de novembro. Agora, os candidatos enfrentam questões discursivas: logo no primeiro dia de prova são seis perguntas de Língua Portuguesa, e a expectativa é que pelo menos três delas sejam referentes às obras cobradas na lista de leituras obrigatórias.
Agora que a primeira fase já passou, será que é possível prever quais livros serão abordados na segunda?
A resposta simples é: não. Mas, como ressalta Marcelo Maluf, professor de literatura do Oficina do Estudante, é possível traçar alguns padrões e hipóteses dado o histórico da prova. A primeira, e talvez mais importante, é que é incomum a segunda fase repetir obras que já caíram na primeira. O que acontece, usualmente, é uma alternância para que o máximo de livros da lista seja abordado nas duas etapas do vestibular.
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É claro que esta não é uma regra fixa. “No vestibular de 2021, ‘Sonetos Escolhidos‘ de Camões apareceu tanto na primeira quanto na segunda fase”, alerta o professor. Ainda assim, para o candidato que já leu todas as obras, ou que está correndo para terminá-las agora, dar uma atenção maior para os livros que não apareceram na primeira fase é uma boa estratégia.
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“A partir dessa informação, podemos dizer que é provável que obras como ‘Bons Dias!‘, ‘Niketche: uma história da poligamia‘, ‘Carta de Achamento do Brasil‘, ‘O marinheiro‘, ‘Tarde‘ e ‘Sobrevivendo no Inferno‘ não apareçam na segunda etapa, visto que já foram abordadas na primeira”, afirma.
Assim, restam para a segunda fase: “Sonetos Escolhidos”, de Camões, “O Seminário dos Ratos”, de Lygia Fagundes Telles, “A Falência“, de Júlia Lopes de Almeida e “O Ateneu“, de Raul Pompeia. Das quatro obras, o professor destaca três para o candidato focar.
1 – “Sonetos Escolhidos”, de Luís de Camões
Além do critério de aparição na primeira fase, outro fator que reforça a aposta de “Sonetos Escolhidos” é que este será o último ano que a obra será cobrada no vestibular da Unicamp. Presente na lista desde 2015 (ano em que a Unicamp passou a ter uma lista de leituras independente da Fuvest), a coletânea de Camões trata de temáticas de amor e do desconcerto do mundo. O poeta se preocupa em mostrar as aflições humanas e expressar a incompreensão a respeito do próprio tempo. Dê o play no vídeo acima e escute uma análise da obra.
2 – “A Falência”, de Júlia Lopes de Almeida
A mesma lógica pode ser aplicada ao romance “A Falência”, da autora Júlia Lopes de Almeida. O ano de 2022 marca a última aparição da obra na lista – presente desde 2019. Outro argumento é que o livro não foi abordado no último vestibular, o que reforça uma possível “despedida com chave de ouro”. O livro de 1901 se concentra no relato de uma sociedade machista e patriarcal, a partir do casal Francisco Teodoro e Camila. No Rio de Janeiro do fim do século 19, a ascensão da modernidade se contrasta com as estruturas tradicionais atrasadas. Dê o play no vídeo acima e escute uma análise da obra.
3 – “O Ateneu”, de Raul Pompeia
A terceira e última aposta do professor é “O Ateneu”, de Raul Pompeia. O romance, que consta na lista de leituras obrigatórias desde 2020, nunca foi cobrado na segunda fase do vestibular. Razão esta que justifica sua escolha no lugar de “O Seminário dos Ratos”, já que o conto de Lygia Fagundes Telles caiu em uma questão na segunda fase do vestibular do ano passado. Em “O Ateneu”, Raul Pompeia critica o moralismo e a perversão das instituições de ensino do século 19. Alguns teóricos literários acreditam que a obra possa ser autobiográfica, se referindo aos anos em que o autor estudou em um colégio interno. Dê o play no vídeo acima e escute uma análise da obra.
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