Mais de 130 mil estudantes fizeram a primeira fase da Fuvest 2021, neste domingo (10). A prova é a principal porta de entrada para os cursos de graduação da Universidade de São Paulo (USP), considerada a melhor universidade da América Latina. A etapa de hoje contou com 90 questões de múltipla escolha em 5 horas de exame.
Por causa da pandemia de covid-19, a comissão responsável por aplicar o vestibular afirmou que formato das questões havia sido alterado. Em entrevista ao telejornal SPTV, da Globo, Belmira Bueno, diretora executiva da fundação, informou que as bancas foram sensíveis à situação vivenciada pelos candidatos em 2020.
A afirmação foi interpretada como brecha para uma prova um pouco menos exigente e, nas redes sociais, estudantes comentaram o grau de dificuldade da prova, assim como os problemas enfrentados:
A fuvest foi além de vestibular, foi uma prova de resistência ficar 4h sentada numa carteira que na mesa não cabia nem uma folha A4, com dor no braço, os neurônios pifando e só tomando água
— jessiquinha cansadinha (@JessiXave) January 10, 2021
O jogo online Among Us, que virou febre entre os jovens durante a quarentena, apareceu em uma questão de química. Ela exigia que o candidato encontrasse qual era o elemento químico impostor entre os apresentados.
Segundo Vittoria Pagotto, 22 anos, vestibulanda de Medicina, a prova da Fuvest não abordou tantos assuntos de atualidades como foi observado na Unicamp 2021. “Não teve nada de covid-19, por exemplo. Pensei que haveria algo sobre vírus, mas não. Teve uma questão que envolveu desmatamento. E outra que eu até ri e achei interessante porque foi extraída de algum professor online que fazia uma relação entre aquele jogo Among Us e Química. Achei bonitinha. Era uma ilustração do jogo e os elementos químicos, e perguntava qual era o impostor. Teve uma questão sobre o TikTok também, de Inglês, que falava sobre a efemeridade da internet”, comenta.
Sarah Rufino, 20 anos, vestibulanda de Medicina, veio da cidade de São Mateus (ES) exclusivamente para fazer a Fuvest. Ela conta que a prova não estava diferente de edições passadas. “Só foi possível fazer quem tinha domínio sobre o conteúdo. Eles exploraram bastante as obras de leitura obrigatória. Além disso, havia muitas questões interdisciplinares”, pontua.
A vestibulanda do curso de Direito, Rafaela Pereira Oleiro, 20 anos, não gostou da maneira como os conteúdos foram cobrados. “O problema é que a prova estava muito chata. Muito chata mesmo. Nada estimulante. E algumas questões de química eu não vi nem na faculdade de química (que é o que eu curso atualmente), as salas muito quentes. A parte de história e geografia foi muito específica. Mas de resto foi tranquilo”, disse.
Sobre as medidas de biossegurança adotadas pela Fuvest, ela afirma que no Colégio Nossa Senhora Aparecida, em Moema, as cadeiras estavam espaçadas e todos os participantes usavam máscara. “Na entrada tinha até pessoas, mas eram os familiares deixando os alunos no local”, comenta Rafaela a respeito das aglomerações.
Najla Aloia, 17 anos, que também prestou para Direito, achou o conteúdo fácil. “Eu esperava ser bem mais difícil. Química foi a parte mais complicada da prova, eram os meus maiores erros que percebia ao estudar”. Apesar de todas as medidas de proteção adotadas, ela não se sentiu segura. “Gostaria que tivessem adiado a prova, pois a segunda onda está muito perigosa, mas me sinto bem e espero ter conseguido passar”, conta.
Ao que tudo indica, a mudança feita pela banca na estrutura deixou as questões um pouco mais fáceis. “Não achei a prova tão difícil assim em geral, acho que a parte mais tensa de fazer foi a de química e física”, conta Anitta Colella, 17 anos, vestibulanda de Engenharia Química. “Caíram coisas atuais como o uso do TikTok pelos mais jovens e uma parodia do jogo Among Us na parte de química, mas não teve nada polêmico como na prova da Unicamp”.
Na Uninove da Barra Funda, onde o GUIA registrou mais cedo pontos de aglomeração na entrada dos portões, o vestibulando de Economia, Rafael Hakim, 16 anos, afirmou que apesar disso o distanciamento social foi cumprido dentro das salas. “Tinha mesas apenas com uma ou duas pessoas. Elas estavam distantes. Mas tinha muita gente no pátio. Não vi ninguém sem máscara. Mesmo assim fiquei com receio”, afirma. Na prova, um ponto chamou bastante atenção do estudante. “Nenhuma questão de covid-19 foi cobrada”. Porém, para ele a avaliação manteve o grau de dificuldade. “Física foi mais complicado para mim. Em literatura, não cobraram na primeira fase os novos livros, como ‘Campo Geral’, de João Guimarães Rosa”, disse.
Alguns estudantes reclamaram dos conteúdos abordados na parte de Literatura, porque nem todas as obras obrigatórias foram temas de questões. “Me decepcionei. Caíram várias questões de poucos livros. Por exemplo, foram três de ‘Nove Noites, de Bernardo Carvalho. Mas não tinha nenhuma sobre obra de Gregório de Matos. É um livro muito difícil. Deu trabalho para ler e interpretar os poemas”, afirma Helena Drumond, 17 anos, vestibulanda de Arquitetura.
Para ela, a avaliação manteve o mesmo nível de dificuldade de outros anos. “Em história caiu uma questão sobre Grécia Antiga, foi bem legal porque eles pautaram as mulheres. Caiu também sobre Renascimento. Mas a maior parte do conteúdo foi sobre o História do Brasil (escravidão, sociedade mineradora, Brasil Império e revoltas). Já em biologia, praticamente todas falaram de doenças”, comenta.
Você fez a primeira fase da Fuvest? Confira aqui o gabarito oficial.
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