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Redação: termos e expressões que você não deve usar

Palavras generalistas e frases clichês enfraquecem o sentido e a compreensão da redação. Ah, "segundamente" não existe

Por Juliana Morales
Atualizado em 22 ago 2021, 08h39 - Publicado em 20 ago 2021, 17h08
Lápis com borracha
 (Getty Images/Reprodução)
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A escolha de palavras na hora de escrever a redação interfere na coesão e compreensão do texto a ser avaliado. Pensando nisso, é importante os estudantes estarem atentos a alguns termos e expressões que enfraquecem e até prejudicam o sentido textual.

A coordenadora de redação do Poliedro Colégio, Maria Catarina Bózio, ressalta como palavras simplistas, generalizadas e de senso comum, ou expressões que gerem ambiguidade, são prejudiciais para a nota do aluno. Muitas vezes, por uma escolha errada de palavra, o corretor não consegue entender o que o candidato gostaria de comunicar. 

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“Percebemos que, várias vezes, os alunos sabem claramente a ideia que desejam passar no texto, mas não conseguem comunicar com exatidão em palavras escritas. É preciso trabalhar para usar o vasto e rico vocabulário do Português para garantir uma compreensão plena e efetiva”, afirma Maria Catarina. 

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A especialista em redação lembra os estudantes que o uso de oralidades e gírias, como o “tipo”, e abreviações devem ser banidas. Mas demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa não significa usar só termos rebuscados. “Não se trata de escrever difícil ou de decorar dicionário, longe disso. É simplesmente fazer uso de expressões adequadas a cada contexto de circulação escrita do texto dissertativo-argumentativo”, explica.

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A seguir, confira clichês e erros que muitos estudantes acabam cometendo.

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7 termos e expressões para evitar no seu texto

1. “Coisa” ou “algo”

Tanto a palavra “coisa” como a sua versão mais rebuscada, o “algo”, são termos generalistas e vazios de sentido. “Sendo assim, são proibitivas dentro de uma dissertação argumentativa, na qual o aluno precisa demonstrar maturidade no discurso. É preciso substituí-la por um elemento bem específico”, explica Carolina Achutti, professora de Português do Colégio Anglo Chácara Santo Antônio.

Para evitar a imprecisão na construção da frase com essas duas palavras, Thiago Braga, professor e autor do Sistema de Ensino pH, dá o exemplo da frase ‘… são coisas que afetam o país’.”O estudante precisa definir que coisas são essas. São problemas? São realidades? São questões? Ou são dificuldades? Sempre há uma palavra melhor para ser usada no lugar de coisa ou algo”, afirma Braga.

2. “Desde os primórdios da humanidade”

Estruturas como “desde os primórdios da humanidade” ou “desde a antiguidade” também são vícios generalistas que devem ser evitados. “Como muitos estudantes usam essas expressões como uma muleta para começar a redação, os corretores podem ter a percepção de que o texto começou mal e vai apresentar muitos clichês”, alerta Braga. 

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É preciso ser mais específico, indicando o século ou o ano. Outra saída é dizer “desde o fim da Segunda Guerra”, por exemplo.

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3. “Segundamente”

De acordo com Carolina, muitos estudantes usam “segundamente” no terceiro parágrafo, para complementar uma informação ou argumento. Mas a verdade é que essa palavra não existe. “Além disso” e “por conseguinte” são boas opções de conectivos para esses casos.   

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4. “Atualmente” 

No caso da palavra “atualmente”, o candidato pode cometer um erro na perspectiva do pleonasmo (redundância), como alerta o professor Braga. “Os alunos geralmente tendem a iniciar o texto com “atualmente”, e em seguida, o usam o verbo no presente do indicativo, que já mostra que trata-se do tempo presente”, explica. Exemplo: Atualmente, o Brasil é um país violento. O verbo “é”, no presente, já indica que está tratando do país dos dias atuais. 

Por outro lado, o professor explica que é correto usar o  “atualmente” em casos de transposição temporal. “Quando o estudante começa falando de um evento no passado (“em mil e quinhentos inicia-se a colonização no Brasil”) e no meio do parágrafo ele transpõe para o presente, para falar de um aspecto atual do país, o termo pode ser usado sem problemas”, diz .

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5. “A cada dia que passa”

Mais um exemplo de expressão pleonástica. “Todos os dias passam, então “a cada dia que passa” é uma estrutura que gera um equívoco no campo da semântica. É preferível trocar por “a cada dia” apenas quando precisar dar essa noção de passagem do tempo”, sugere Braga.

6. “E”

O “e” pode ser usado para acrescentar elementos em uma frase. Mas é preciso ser usado com cautela. Carolina aconselha que os estudantes evitem períodos longos para não acontecer um acúmulo de informações, que podem dificultar o entendimento do parágrafo do texto. O ideal é usar o ponto ou a vírgula para criar períodos menores. 

7. “Literalmente”

Braga alerta para o uso incorreto da palavra “literalmente”. Muitas pessoas usam, erroneamente, o termo como sinônimo de “efetivamente”. Por exemplo, a frase “o Brasil literalmente precisa investir mais em educação”, que está errada. Na verdade, o Brasil precisa investir “efetivamente” ou “de modo efetivo” em educação.

Literalmente deve ser usado para diferenciar um termo conotativo (linguagem figurada) de um termo denotativo (tem o sentido literal). Exemplo: durante uma partida de futebol, o narrador fala que um jogador literalmente pisou na bola. Ou seja, ele colocou os pés na bola. O narrador usou o termo para diferenciar do sentido conotativo de pisar na bola como sinônimo de vacilar. 

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