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As dicas de redação da professora que acerta o tema do Enem há 11 anos

Raquel Siufi é professora de redação e contou ao GUIA quais são as principais técnicas de estudo que ensina para seus alunos

Por Luccas Diaz, Karolina Monte
24 jun 2022, 10h36
alunos da professora Raquel Siufi
 (Acervo pessoal/Raquel Siufi/Reprodução)

Acertar o tema da redação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) é uma dádiva e tanto. Todo ano, algum candidato viraliza nas redes sociais dizendo, por exemplo, que dias antes do exame sonhou com o tema. Tem candidato que faz até bolão com os amigos! Acertar uma vez é um evento. Dar o palpite certo duas ou três vezes já pode ser considerado um aptidão. Agora, imagine cravar o tema 11 vezes consecutivas? Esse feito é só de Raquel Siufi, 44. Desde 2011, a professora de Mato Grosso do Sul sopra o tema de redação do Enem no ouvido de seus alunos em algum momento do ano.

Mas calma, ela garante que não tem nenhuma magia envolvida: apesar dos apelidos que recebeu ao longo dos anos, Raquel está longe de ser vidente. É tudo baseado na interpretação, no treino constante e na construção de repertório. “Já me apelidaram até de Mãe Diná do Enem. Eu acho engraçado, claro, mas sempre explico que não tem nada disso”. Raquel é a fundadora de um curso de redação que leva o seu nome, em Campo Grande (MS), e por lá os vestibulandos a procuram em busca do tal segredo para o sucesso.

Menos fantástica e mítica, a realidade das aulas é outra. É treino atrás de treino. Para além da gramática, as aulas semanais de redação são focadas em cobrir o máximo de temas possível, para que candidato nenhum seja surpreendido ao abrir o caderno de provas. Com tanta prática, em algum momento do ano os alunos acabam esbarrando com o assunto que, não por coincidência, é o que vão encontrar mais tarde no exame.

Sobre o tema da última edição do Enem, “Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil”, a professora conta que durante o ano havia dado uma aula abordando questões de cidadania, identidade, inclusão e registro civil. Seus alunos, ao contrário de muitos candidatos que apontaram o tema como complexo e difícil, afirmaram não ter tido grandes dificuldades. E os números refletem isso; a professora diz que já perdeu a conta de alunos com notas acima de 920.

O GUIA DO ESTUDANTE conversou com Raquel Siufi e pediu algumas dicas para quem está estudando redação para o Enem.

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Construção intensa de repertório

Em algum momento você já deve ter escutado que o segredo para o sucesso é ser consistente e disciplinado. O mesmo vale quando estamos falando da redação no Enem. Treinar redações semanais e construir repertório é a receita mais repetida entre aqueles que conseguiram alcançar a façanha. Mas para a professora Raquel, as medidas dessa receita são dobradas – ou melhor, triplicadas.

No curso dela, em Campo Grande (MS), a professora afirma passar para os seus alunos cerca de 600 temas por ano. O número assusta, mas ela garante que o ritmo de escrita não ultrapassa três textos por semana.

“Eu trabalho com tudo que pode aparecer durante o ano. E na aula de véspera do Enem, que é o grande aulão, eu passo quatro horas e meia falando sobre mais de 200 temas e os seus desmembramentos. Não dá para ficar na superfície se você quer ser o melhor, não é?”, indaga a professora.

Além das aulas de gramática e o ensino da estrutura da redação, o principal método da professora Raquel consiste em uma construção intensiva de repertório. É treinar, além dos grandes assuntos em si, os seus desmembramentos – razão que explica o alto número de temas.

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“Se eu vou trabalhar o tema de bebida alcoólica, eu vou falar sobre bebida alcoólica e o jovem, bebida alcoólica e o desemprego, bebida alcoólica e o trânsito, bebida alcoólica e a violência, bebida alcoólica como porta de entrada para as drogas, e por aí vai”, explica.

Mas não se engane: durante as aulas, os alunos não escrevem redação nenhuma. As três horas semanais são exclusivamente destinadas a dinâmicas de exposição e reflexão de temas. O momento de escrever fica para a tarefa de casa, em que o estudante deve redigir de 1 a 3 redações sobre os temas discutidos em classe para entregar na semana seguinte.

Raquel esclarece que o objetivo de passar tantos temas durante o ano não é fazer os estudantes decorarem trechos, citações ou autores para usar na redação. A professora busca a partir da exposição intensa capacitar os alunos a terem bagagem para tratar sobre qualquer assunto. Isso porque o fator surpresa que envolve o tema de redação do Enem, como o GUIA DO ESTUDANTE já falou neste texto, pode causar ansiedade ou o famoso “branco”.

Raquel acredita que já tendo contato prévio com um assunto semelhante – ou que ao menos esteja dentro do mesmo guarda-chuva do tema cobrado –, a probabilidade de o candidato conseguir traçar uma linha de raciocínio com facilidade é maior.

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“Eu ensino meus alunos a pensar, eu não ensino a engessar. Não sou aquela professora que só ensina o aluno a fazer conta com goiaba, e que se mudar para laranja ele já não sabe”, brinca. “Meu objetivo nunca foi acertar os temas, meu objetivo é o aluno abrir a prova e se deparar com um assunto que ele já viu”.

Caçadora de temas

A professora conta que a inspiração para encontrar tantos temas e assuntos para abordar em classe vem da sua própria vivência: “Eu não paro. Eu caço temas todos os dias, eu já acordo pensando ‘vamos lá, possíveis temas'”, relata.

Raquel garante que essa busca por temas não tem segredo: todos eles vêm da interpretação de livros, artigos, jornais, revistas e sites como o GUIA DO ESTUDANTE. “Eu tento ficar sempre ligada com tudo. Eu faço muita prova, leio muita pesquisa de campo”. Essa leitura é sempre acompanhada de um processo de análise dos textos e, por isso, a professora sempre tem um caderno em mãos para fazer anotações. “Se você espremer uma revista de atualidades já consegue encontrar o tema do ano.”

Ela afirma que estar em contato com o cenário atual do mundo é fundamental para se dar bem na redação. Práticas simples como ler o jornal do dia vão construindo no estudante não apenas repertório, mas uma habilidade de interpretação que vai além da leitura.

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Uma outra técnica que Raquel pratica e recomenda é o que chama de trabalho de busca.“Eu separo um dia, boto uma roupa confortável e simplesmente saio andando pela cidade. É assim que a gente enxerga as coisas. Você vê, por exemplo, uma pessoa cega tendo dificuldade para atravessar a rua, ou um carro estacionando em uma vaga para pessoas com deficiência. Só nisso você já conseguiu ver na prática alguns desdobramentos do tema da acessibilidade”, diz. No final das contas, trata-se de exercitar o olhar crítico sobre a realidade e ter a capacidade de refletir sobre diversas temáticas.

Papel das redes sociais

Raquel também enxerga as redes sociais como aliadas na hora de entender o que está acontecendo. Neste meio, o maior companheiro da professora é o próprio WhatsApp, que ela utiliza para enviar conteúdos por escrito e tarefas para seus estudantes praticarem a escrita da redação. “Faço listas de transmissão, leio todos os jornais e textos, e faço muita pesquisa, e o que interessa para meus alunos eu envio por meio das redes”, afirma.

Para quem estuda sozinho e quer aderir à dica da professora, as opções são quase infinitas. É possível entrar em grupos de estudo de redação no Facebook, inscrever-se em newsletters de notícias e atualidades ou até participar de grupos no Whatsapp com o propósito de compartilhar notícias – verdadeiras, é claro!

Em redes como Twitter e Instagram, mais dinâmicos, seguir perfis de jornais para se atualizar diariamente pode ser uma boa pedida. Também existem os famosos studygrams ou mesmo perfis de veículos especializados em vestibulares, como o próprio GUIA DO ESTUDANTE.

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Na hora de construir repertório consistente, aconselha Raquel, todo os meios valem. “O importante é analisar tudo, estar antenado em tudo, seja o meio que for”.

Temas para ficar de olho em 2022

Antes de mais nada, a professora ressalta que, mais importante que saber os temas que mais podem cair, é o estudante não ficar apenas na superfície dos assuntos. Ou seja, fugir do famoso senso comum. “Tem que ir atrás de conhecimento, dar uma olhada no panorama dos assuntos e buscar saber de verdade sobre eles”, afirma.

Raquel conta que costuma dar palpites mais fechados sobre o tema da redação em meados de agosto, mas que desde o começo do ano já pensa em assuntos que são pertinentes para o Brasil em 2022. Ao GUIA DO ESTUDANTE, a professora indicou quatro temas que acredita serem relevantes para o ano.

Raquel também destaca o meio ambiente como um dos eixos temáticos com maior chance de aparecer em temas de redação nos vestibulares em 2022 – não apenas pelas notícias recentes, mas também porque assuntos ambientais não aparecem nos vestibulares há algum tempo. Neste texto, falamos sobre assuntos de meio ambiente que podem cair e como realizar propostas de intervenção, dicas de estudo e repertório.

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