Quando o clima mundial está pesado e triste, escrever em diários parece ser um dos meios encontrados por algumas pessoas que vivenciam a guerra para desabafar sua dor. O exemplo mais famoso que temos é o de Anne Frank, a adolescente alemã de origem judaica, vítima do holocausto nazista, que morreu aos quinze anos de idade em um campo de concentração. No entanto, outras histórias comoventes, como a de Hélène Berr, também estão gravadas em um diário e merecem a nossa atenção.
A jovem judia começou a relatar suas histórias em abril de 1942, quando ainda estudava literatura inglesa na Universidade de Sorbonne, em Paris. Há algumas semelhanças entre ela e Anne Frank. Ambas têm origem judaica, ambas mantiveram um diário durante a 2ª Guerra Mundial e ambas morreram no mesmo campo de concentração, o de Bergen-Belsen. Hélène morreu um mês depois de Anne, em abril de 1945. Dias depois o local seria fechado por tropas aliadas.
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Como a jovem francesa iniciou o seu relato antes de o terror ocupar as ruas de Paris, sua história começa como a de qualquer outra garota de sua idade começaria: contava como era a vida em Paris, a rotina na universidade com seus amigos, segredos sobre seu romance com o futuro noivo, viagens de férias no campo. Mas, aos poucos, suas palavras vão ganhando um tom mais sombrio, acompanhando o clima vivido nas ruas.
“Está chovendo morte na Terra “, escreveu Hélène, em novembro de 1943. Sua vida virou do avesso por causa da ocupação alemã nazista em Paris e da perseguição aos judeus. “Minha tia não ficou escondida, ao contrário dos Frank. Então, ela descreve o clima de Paris, o dia-a-dia da ocupação”, disse Mariette Job, sobrinha de Hélène e responsável pela publicação do diário à Aventuras na História. Quando a estudante foi presa, o diário passou pelas mãos da cozinheira da família, de seus irmãos e de seu noivo, até ser resgatado, em 1992, por Mariette. Em 2002, foi doado ao Memorial de Shoah, em Paris. Ele foi publicado no Brasil pela editora Objetiva, em 2008.