“Minha ambição é converter as pessoas britânicas à não-violência, e assim lhes fazer ver o mal que fizeram para a Índia. Eu não busco danificar as pessoas”. Essa era a opinião de Mahatma Gandhi, que liderou o mais famoso movimento de resistência civil não-violenta da História, a Marcha do Sal.
Influenciado pela conduta de Gandhi, o conceito de manifestação pacífica se expandiu e passou a caracterizar principalmente as revoluções que buscam a defesa da democracia, dos direitos humanos e da independência nacional. Por isso, a resistência civil é usada muitas vezes como forma de lutar contra regimes autoritários (o que resulta, quase sempre, em retaliações violentas).
Veja abaixo uma lista com revoluções que seguiram a linha pacífica:
Marcha do Sal – Índia, 1930
Por conta da colonização britânica, os hindus ficaram proibidos, até o século passado, de produzirem o seu próprio sal. Isso os obrigava a comprarem o produto dos ingleses. Como forma de protesto, Mahatma Gandhi caminhou por quase 400 quilômetros na manifestação pacífica que ficou conhecida como Marcha do Sal. Ao chegarem no mar, em 6 de abril de 1930, depois do banho sagrado, Gandhi apanhou um punhado de sal perto da água e o levantou nas mãos. Seu gesto foi repetido por milhares de indianos. A Marcha do Sal deu início a um processo que levaria à independência da Índia.
– Leia mais sobre a independência da Índia
Primavera de Praga – Tchecoslováquia (dividida atualmente em República Checa e Eslováquia), 1968
A Primavera de Praga foi um movimento que buscava reformar o comunismo vigente na Tchecoslováquia. A partir de 1948, os comunistas assumiram o controle do governo local e o país ficou sob a influência da União Soviética (URSS). Os protestos foram liderados pelo secretário-geral do Partido Comunista Alexander Dubcek, favorável à construção de um socialismo com “face humana”. Os manifestantes acreditavam que era possível transformar, pacificamente, um regime ortodoxo comunista em um regime socialista democrático aos moldes ocidentais. As reformas, especialmente a descentralização da autoridade administrativa, não foram bem recebidas pelos soviéticos, que, depois de negociações fracassadas, enviaram tropas e tanques do Pacto de Varsóvia para ocupar o país.
+ Revolução de Veludo (1989) – Essa revolução também aconteceu na Tchecoslováquia, dessa vez sob a influência das reformas do líder da URSS Mikhail Gorbatchov, que deixaram o regime mais aberto. Em 17 de novembro de 1989, a polícia reprimiu duramente um protesto de estudantes contra o comunismo. Chocados pelo ato, a população saiu às ruas para protestar, mobilizando o país inteiro. O nome foi criado por conta do caráter pacífico em que se deram as mudanças no país. A vitória da revolução foi coroado com a eleição de dramaturgo rebelde e ativista pelos direitos humanos Václav Havel como presidente da Tchecoslováquia.
Revolução dos Cravos – Portugal, 1974
A Revolução dos Cravos aconteceu em abril de 1974, quando soldados liderados por um capitão do Exército português deixaram os quartéis rumo à sede do governo. Saudados pela população, que os presentearam com cravos vermelhos e brancos, eles marcharam para derrubar uma ditadura que já durava mais de 40 anos. O protesto ajudou a implantar um governo democrático e a criação de uma nova Constituição para o país, que vivia desde 1933 sob a ditadura salazarista. O dia 25 de abril é feriado nacional em Portugal até hoje, considerado “Dia da Liberdade”.
Revolução Laranja – Ucrânia, 2004
As manifestação da Revolução Laranja aconteceram depois de denúncias de fraudes que marcaram a eleição presidencial de 2004, vencida pelo primeiro-ministro Viktor Yanukovich (favorável à Rússia). A cor laranja foi adotada pelos protestantes como a cor oficial do movimento por ter sido a cor da campanha eleitoral do principal candidato da oposição, Viktor Yushchenko. A população organizou protestos pacíficos e greves pelo país contra as alegações de corrupção. Em 2005 aconteceu uma nova eleição e dessa vez, Viktor Yushchenko, pró-União Europeia, foi eleito.
Primavera Árabe – Oriente Médio e norte da África, a partir de 2010
A onda de protestos e revoluções contra governos do mundo árabe foi feita, em partes, de forma pacífica. Tudo começou quando em 17 de dezembro de 2010, Mohamed Bouazizi, um jovem tunisiano, ateou fogo em si mesmo como forma de protesto porque policiais o impediram de vender vegetais em uma banca de rua sem permissão na cidade de Sidi Bouzisd. A Tunísia foi o primeiro país ter a população se manifestando pela democracia e contra a pobreza. O Egito foi o segundo país onde as pessoas foram às ruas e até famílias inteiras saíram para se manifestar. Mas, o que começou de forma pacífica acabou sendo duramente retaliado pelos governos autoritários. Na Síria, por exemplo, a situação já foi de cara considerada uma guerra civil.
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