O que você precisa saber sobre o apartheid, na África do Sul
Apartheid foi o nome dado ao regime segregacionista que vigorou na África do Sul a partir da segunda metade do século 20
Por Natália Becattini
Atualizado em 5 jul 2019, 18h02 - Publicado em 10 dez 2013, 16h31
(Wikimedia Commons/Reprodução)
1/14 Apartheid foi o nome dado ao regime segregacionista que vigorou na África do Sul a partir da segunda metade do século 20, negando à população negra direitos sociais, econômicos e políticos. Veja agora alguns fatos sobre o Apartheid. ()
2/14 No século 17, o sul da África recebeu um intensa migração de holandeses, que chegaram ao continente a serviço da Companhia das Índias Ocidentais.Os recém chegados se estabeleceram na nova terra como fazendeiros e desenvolviam atividades ligadas à pecuária e agricultura. Pequenas comunidades se formaram dentro das fazendas, onde o chefe tinha plenos poderes para agir da forma que quisesse. Com o passar do tempo, eles desenvolveram um idioma próprio, o Africanêr, uma mistura entre holandês, francês, português, alemão e inglês. (Foto: Wikimedia Commons) ()
3/14 Já nessa época, começou a longa história de segregação e racismo no território que hoje conhecemos como África do Sul. Os imigrantes utilizaram as bases do calvinismo e interpretações da Bíblia para justificarem a ocupação das terras e a expulsão da população nativa. Alegando serem escolhidos de Deus e, portanto, merecedores de privilégios sobre os outros indivíduos, eles começaram a subjugar os negros que viviam na região. (Foto: Wikimedia Commons) ()
4/14 No século 19, o país foi invadido e colonizado pelos britânicos, o que levou milhares de descendentes holandeses, conhecidos como africânderes, a deixarem suas fazendas em busca de outras terras ao norte onde pudessem ter mais autonomia. A descoberta de reservas de ouro, no entanto, frustou a tentativa de fugir do domínio britânico e os dois povos acabaram entrando em guerra. Os Africânderes foram massacrados por inferioridade numérica e escassez de recursos. Em 1902, teve início do domínio britânico no país. (Foto: Wikimedia Commons) ()
5/14 Embora derrotados, os africânderes ainda mantinham controle sobre minas e jazidas de recursos minerais na África do Sul. Isso deu a eles poder político e econômico para influência as decisões do governo britânico. Graças a essa barganha, os ingleses toparam incluir na Constituição do país vários artigos racistas que mantinham os privilégios dos africânderes. Entre eles, a segregação territorial de negros, mestiços e indianos, que ficaram confinados em ‘reservas’ que totalizavam 8% do território. Em poucas décadas, essas leis foram endurecendo, até chegarem a proibir as relações sexuais entre indivíduos de raças diferentes. (Foto: Wikimedia Commons) ()
6/14 Influenciados pelas ideias do nazismo alemão, um grupo de africânderes fundou , em 1938, o Partido Nacional Africânder, que pregava a supremacia branca e a proteção da cultura africânder. O partido chegou ao poder em 1949, quando o país ainda estava sob domínio britânico. (Foto: Wikimedia Commons) ()
7/14 Com os nacionalistas no poder, a segregação tomou proporções ainda maiores. Foi criada a palavra apartheid, que significa separação em africâner, para designar o conjunto de políticas racistas que vigoraram no país nesse período. (Foto: Wikimedia Commons) ()
8/14 Hendrik Verwoerd, um dos membros do Partido Nacional Africânder, foi o responsável por arquitetar o apartheid. Foi ele que desenvolveu a idéia de separar o uso de locais públicos, como cinemas, restaurantes, hotéis e ônibus, entre integrantes de raças diferentes. Negros, mestiços e indianos precisavam de passaportes para circular pelo país, enquanto a população branca tinha o direito de ir e vir garantido. Além disso, os brancos recebiam verbas 20 vezes maiores para a educação e salários 15 vezes mais altos que o restante da população. (Foto: Wikimedia Commons) ()
9/14 Enquanto o governo tornava as políticas racistas cada vez mais duras, aumenta os valor dos impostos cobrados dos negros, a população se revoltava. Protestos e manifestações, muitas vezes pacíficas, despontavam no país inteiros e eram duramente reprimidos. Em 1960, um ano antes da África do Sul se tornar independente da Inglaterra, a polícia atirou em centenas de manifestantes negros em Sharpeville, matando 67 deles (foto). (Foto: Wikimedia Commons) ()
10/14 Foi nesse contexto que surgiu a figura de Nelson Mandela. Jovem militante, Mandela começou sua luta quando ainda estudava direito. Ajudou a fundar a Liga Jovem do Congresso Nacional Africano, que veio a presidir mais tarde. Em pouco tempo, passou a ser reconhecido como um líder para movimento pela libertação dos negros. Apesar de ter ficado mundialmente conhecido como um pacifista e por ser adepto da desobediência civil, Mandela também defendeu a luta armada quando julgou que ela era necessária. (Foto: Wikimedia Commons) ()
11/14 Ao longo de sua militância, Mandela foi detido diversas vezes. Até que, em 1964, foi condenado a prisão perpétua por terrorismo. Durante os 27 anos que passou na cadeia, ele escrevia cartas de motivação para seus companheiros de luta que não haviam sido pegos. (Foto: Wikimedia Commons) ()
12/14 Com o aumento da violência e repressão utilizadas contara os combatentes, organizações internacionais passaram a observar mais de perto o que acontecia na África do Sul. Em 1973, a ONU declarou o apartheid um crime contra a humanidade e, em 1986, os EUA impuseram um embargo contra o país. Enquanto isso, a luta interna se fortalecia. Na década de 1980, a situação se tornou insustentável. O então presidente Frederik de Klerk começou, no início década de 1990, a derrubar as leis segregacionistas. (Foto: Wikimedia Commons) (Wikimedia Commons/Divulgação)
13/14 E 1994, nas primeira eleições com sufrágio universal, a África do Sul elegeu Nelson Mandela para presidente. Utilizando as lições de diplomacia que aprendeu na prisão, o líder soube negociar com os diversos grupos envolvidos e conduzir o momento de transição pelo qual passava o país de forma pacífica. Muitos afirmam que, não fosse sua habilidade política, a África do Sul poderia ter terminado em uma guerra civil. (Foto: Wikimedia Commons) ()
14/14 Hoje, todos os cidadãos da África do Sul possuem os mesmos direitos garantidos pela constituição. No entanto, as décadas de segregação e preconceito deixaram muitas consequências na sociedade. O alto índice de AIDS, desemprego e analfabetismo entre a população negra, o abismo econômico que reflete a separação das raças e o racismo intrincado na sociedade são alguns dos desafios que o país ainda precisa superar. (Foto: Wikimedia Commons) ()