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O que é capitalismo? Conheça sua origem e fases

Do feudalismo à Revolução Industrial, uma linha do tempo do capitalismo desde as suas origens

Por Luccas Diaz
20 fev 2024, 18h49

O dinheiro faz parte de nossas vidas. Há quem diga que ele é o óleo para as engrenagens de qualquer motor funcionar. É com ele que tudo é feito, e também por que é feito. A todo instante, infinitas negociações acontecem em todos os cantos do mundo, sejam elas na troca por um produto ou um serviço. Mas quando foi que isso começou? Em que momento esse sistema, o capitalismo, foi estabelecido? Antes de entender sua origem, vamos a uma breve explicação sobre o que é o capitalismo.

Resumidamente, trata-se de um sistema econômico e social caracterizado por três princípios:

Nesse sentido, o mercado tem um papel fundamental para este sistema. É a partir dele que entram os conceitos de oferta e demanda, desempenhados pelos agentes econômicos – isto é, os indivíduos e empresas. No capitalismo, o interesse máximo é sempre lucrar e, por consequência, acumular capital. Desta forma, o mercado deve funcionar de maneira livre, permitindo a mobilidade social de indivíduos a partir do acúmulo de riquezas.

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Marcar uma data exata no calendário para o início desse sistema – vigente até hoje – é difícil. Assim como qualquer mudança de impacto global, a introdução da mentalidade, cultura e, por fim, economia capitalista foi feita gradual e organicamente. Ela seguiu os cursos da história e as demandas da sociedade de cada época.

Mas é possível traçar um caminho que nos trouxe aos moldes atuais. Ele começa no feudalismo e termina na Revolução Industrial. Confira abaixo um resumo dessa jornada de origem do capitalismo.

Antecedentes do capitalismo

1. Feudalismo: economia de subsistência

Para entender o surgimento do capitalismo, precisamos voltar a períodos anteriores a ele, como o feudalismo (séc. 5-séc.13). Caracterizado pela forte descentralização política, a imobilidade social e autossuficiência econômica dos feudos, este sistema, que teve sua origem após a queda do Império Romano, era baseado na relação da vassalagem. Nela, camponeses (vassalos) dependiam dos nobres donos das terras (suseranos) para sobreviver.

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2. Renascimento: a vida fora dos feudos

No entanto, a crise do século 13, marcada por revoltas, a peste-negra e a Guerra dos Cem Anos, desencadeou um colapso no sistema feudal e, por consequência, o enfraquecimento da nobreza. O declínio dos feudos representava não somente o encerramento do sistema vigente, mas também o combustível para uma nova mentalidade que pairava sobre a Europa. Neste Renascimento (séc. 14-16) – cultural, intelectual, religioso e artístico – a vida urbana, fora dos feudos, tomava forma.

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3. Mercantilismo: matérias-primas em destaque

Nesses pequenos centros, a cultura monetária substituía a economia de subsistência presente nos feudos, e uma nova camada social passava a ganhar destaque. Formada por comerciantes, artesãos e pequenos produtores, a chamada burguesia ganhava a vida por meio de transações de serviços e produtos comerciais. Era a ascensão do pensamento mercantilista.

Não demorou para a monarquia, incorporando cada vez mais uma postura absolutista, adotar o mercantilismo em seu sentido mais amplo. Seguindo os preceitos do metalismo, em que a riqueza de uma nação dependia de sua capacidade de acumular metais preciosos, passou a adotar o princípio da balança comercial favorável. O transporte marítimo, se desenvolvendo cada vez mais, possibilitava agora transações com outras regiões do globo e o comércio de especiarias representava uma fonte de lucro protagonista. A máxima era: comprar barato e vender caro.

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4. Era das Navegações: transações sem fronteiras

Começava-se, assim, a Era das Navegações (séc. 15-16). Marcada pela expansão marítima, a consolidação da Europa como o “centro” (e principal beneficiário) do mundo, e o descobrimento de novas terras. Um século (e muitas colônias) depois, as mudanças comportamentais, culturais e, principalmente, econômicas consequentes deste novo momento cimentavam o que ficou conhecido como Revolução Comercial (séc. 16-17).

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Surge o capitalismo comercial

Os reinos, agora grandes impérios colonizadores, teciam uma rede de comércio internacional que interligava quatro continentes. Lembra da burguesia? A diversificação dos produtos e o aumento dos valores negociados proporcionaram um enriquecimento maciço dessa classe social. E, mais uma vez, seriam eles os protagonistas de uma revolução que criaria as condições necessários para o estabelecimento definitivo do capitalismo: a Revolução Industrial.

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Com as fábricas, nasce o capitalismo industrial

Durante todo o século 17, revoluções tomavam conta da Europa a respeito do sistema de governo vigente. Depois de séculos de predominância, os regimes absolutistas eram encurralados e forçados a se moldarem às novas demandas sociais – sobretudo da burguesia. Na Inglaterra, a Declaração de Direitos (Bill of Rights) limitava definitivamente a atuação de um soberano sobre o reino. A monarquia se tornava constitucional, com a mão do parlamento tomando a frente de boa parte das decisões.

O movimento fez ruir as restrições mercantilistas, que até então davam prioridade total ao Império no comércio das manufaturas – lembre-se da lógica metalista. Com o fim do controle estatal dos setores-chaves, a economia se tornava mais dinâmica para os burgueses mais ricos, e, somada aos surgimento das primeiras máquinas, criava a condição ideal para o nascimento do capitalismo no século 18.

Entre 1760 e 1860, as primeiras fábricas transformavam as máquinas nas grandes protagonistas da economia inglesa. Se antes, ao comprar algodão, por exemplo, os burgueses pagavam por tecelões independentes para produzir os tecidos a serem comercializados, agora as máquinas já realizavam todo o processo. E o melhor, sem a necessidade de ter um tecelão com conhecimento de algodão atuando. Os movimentos, repetitivos e divididos de etapas, poderiam ser exercidos por qualquer pessoa e ininterruptamente.

Era o modo de produção capitalista, no qual tempo é dinheiro. Nesta nova fase, duas novas classes opostas surgiram: os empresários, donos do capital e dos meios de produção (equipamentos, fábricas e matérias-primas etc.), e os operários, que vendiam sua força de trabalho em troca de salário. Nesta altura do campeonato, podemos dizer com toda certeza: o capitalismo já estava difundido como a economia vigente do novo mundo industrial.

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Capitalismo financeiro: os bancos assumem o protagonismo

A partir de 1870, novos avanços como eletricidade, petróleo, aço e a linha de montagem fordista são introduzidos. É a Segunda Revolução Industrial. O período viu a internacionalização das indústrias, a generalização da divisão do trabalho e a ascensão de práticas como trustes (fusão de empresas do mesmo ramo), holdings (grandes conglomerados) e cartéis (acordos para eliminar a concorrência) para monopolizar produção e mercado.

Mas para fazer dinheiro também é preciso de dinheiro. Em nome de viabilizar a construção de mais fábricas, a prática do financiamento bancário se tornou comum entre os grandes empresários. A atitude, com o tempo, levou à transição do capitalismo industrial para o capitalismo financeiro, um novo momento em que os bancos passaram a ter mais poder do que as indústrias.

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Terceira Revolução Industrial: entra a informatização

A partir de 1950, as mudanças no mercado foram o suficiente para caracterizar uma nova revolução, a terceira. Destacam-se no período o nascimento dos complexos multinacionais e a introdução da informática na produção, substituindo, em alguns casos, a mão de obra humana e reduzindo empregos.

Em uma aproximação com os centros de pesquisa, novas áreas como microeletrônica e telecomunicações se tornam apostas para o futuro. Destaca-se o surgimento de polos tecnológicos, como o Vale do Silício nos EUA, lar de empresas como Apple e Microsoft. No Japão, é criado o toyotismo, método de produção mais flexível, diversificado e em menor escala em comparação com o fordismo.

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