As brasileiras estão tendo menos filhos e o Enem 2023 questionou os candidatos sobre a razão deste fenômeno. Uma questão desta edição mostrou, com um gráfico de barras, essa mudança importante da sociedade brasileira nas últimas décadas com a qual todos têm contato. Basta cada qual pensar na sua própria família. Quase com certeza, a geração dos bisavós e dos avós era composta por muitos filhos, bem menos do que na geração dos pais e ainda menos do que na dos jovens adultos de hoje. Observe a pergunta do Enem:
A taxa de fecundidade, ou de filhos por mulher, expressa o número de filhos biológicos que uma mulher tem no decorrer de sua vida. Nas últimas décadas, os índices vêm caindo em todo mundo, tendo chegado em 2,3 filhos por mulher na média mundial em 2023. Para você ter uma ideia precisa: o mínimo necessário para que uma população se mantenha no longo prazo (taxa de reposição populacional) é um índice de 2,1 filhos por mulher – duas crianças “substituem” os pais, e a fração 0,1 compensa (em termos demográficos) as meninas que morrem antes de atingir a idade reprodutiva. Observe no gráfico que, há mais de dez anos, o número de filhos por mulher no Brasil não repõe a população.
Por que então a população brasileira ainda aumenta? Porque a queda não é automática, mas ocorre ao longo do tempo. Atualmente, as pessoas vivem cada vez mais, e o crescimento populacional é a soma dos nascimentos e a subtração das mortes, além dos movimentos migratórios (há países nos quais a população só cresce graças à maré de imigrantes). Por ora, ainda há mais nascimentos do que mortes. Se a tendência de menos filhos por mulheres se mantiver, a população brasileira passará a diminuir no futuro.
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Por que, afinal, a taxa de fecundidade está caindo?
Essa mudança ocorre basicamente por questões sociais e econômicas. Nos países em que ainda predomina a população rural e a economia de subsistência, como no Brasil de algumas décadas atrás, um grande número de filhos pode significar mais mão de obra na lavoura ou pecuária e maior capacidade de produção futura. Já com a urbanização, a renda do trabalho adulto, dividida entre um número maior de pessoas, reduz a possiblidade de garantir boa qualidade de vida à família. Além disso, nas últimas décadas, avançou o acesso a métodos contraceptivos, e o controle das mulheres sobre seu próprio corpo.
Isso tudo provocou uma mudança social que, no caso das mulheres, significou um enorme avanço na escolarização (atualmente, no Brasil, a parcela feminina da população possui escolaridade maior do que a masculina) e uma maior presença no mercado de trabalho. Como agora há métodos seguros para evitar a gravidez, boa parte das mulheres (e das famílias) opta por ter menos filhos ou até por não tê-los.
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Na questão do Enem propriamente dita deve-se descartar a alternativa A, pois não houve nenhuma “flexibilização legal” da prática do aborto, bem como a E, pois não ocorreu nenhuma regressão no direito à licença-maternidade. As alternativas B e C não explicam o gráfico. A alternativa correta é a D.
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