4 vezes em que Luis Fernando Verissimo apareceu no Enem
Com seu olhar bem-humorado sobre o cotidiano, escritor gaúcho é um dos mais cobrados no exame

“A morte é uma injustiça, essa é a melhor descrição. Mas a gente tem de conviver com isso”, disse Luis Fernando Verissimo ao jornal Folha de S.Paulo, em 2011. O escritor, nascido em Porto Alegre (RS) em 26 de setembro de 1936, faleceu no último dia 30 – mas, pelo menos, deixou suas obras para convivermos com a injustiça de sua partida. Entre elas, “O Analista de Bagé” (1981), “A Grande Mulher Nua” (1975), Ed Mort e Outras Histórias” (1979), “O Santinho” (1991) e “Comédias da Vida Privada” (1994).
Além disso, publicou na imprensa, com colunas em veículos como a revista VEJA. Suas palavras também foram transpostas para a televisão: foi roteirista de programas como TV Pirata, na Globo, e seu “Comédias da Vida Privada” foi adaptado para um seriado. Das crônicas, contos, romances, tirinhas e roteiros, o escritor também foi à música, como saxofonista, inclusive atuando em uma banda, a Jazz 6. Filho do escritor Erico Verissimo, passou parte da adolescência nos Estados Unidos, onde o pai trabalhou como professor.
Com sua extensa obra, Luis Fernando Verissimo também marcou presença como um dos autores que mais aparecem nas provas no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).
Selecionamos, abaixo, quatro questões que abordam sua obra. Confira!
1. No primeiro Enem (1998)

Logo no primeiro Enem, Verissimo já marcou presença. Nessa questão, os temas trabalhados são semelhantes ao que foi cobrado mais recentemente, em 2022 (veja a questão abaixo). O autor brinca com o estereótipo (jogador de futebol não sabe falar bem, repete chavões, fala simples), para então subvertê-lo e, assim, também criticá-lo: o atleta responde com linguagem rebuscada, formalíssima, com frases como “concatenarmos um contragolpe agudo com parcimônia de meios”. O humor está no choque de expectativa: o repórter espera o básico “Aí, galera”, mas recebe um discurso bastante diferente. Com isso, abrange alguns dos assuntos preferidos do Enem: variação linguística, norma-padrão, contexto e adequação.
+ Enem: aprenda a encontrar a resposta na própria pergunta da prova
Gabarito: letra “E”
2. Norma-padrão (2022)

Em “Papos”, parte do “Comédias para Ler na Escola”, de 2001, Luis Fernando Verissimo brinca com a imposição da norma-padrão da Língua Portuguesa: um dos personagens insiste nela, enquanto o outro, já que se trata de contexto informal, não se atém a ela. É um exemplo de um traço marcante do escritor: humor com trocadilhos e ironias.
Também é um tema clássico para o Enem, que cobra bastante variação linguística – o assunto está presente na competência 7 da matriz de Linguagens: “Analisar as diferentes formas de linguagem e seus usos sociais”. Assim, a ideia é que o estudante entenda que não existe só um “certo”; há registros diferentes (coloquial, formal, literário, técnico) e cada um tem sua ocasião adequada. Isso reflete a ideia de que a língua é uma prática social, não apenas gramática engessada.
Gabarito: letra “B”
+ Variantes linguísticas: o que são e como aparecem nos vestibulares
3. Também em versos (2012)

Em 2012, o Enem trouxe outra faceta do autor, apresentando um poema – mas, ainda assim, com sua ironia típica. Assim como na questão de 1998, Verissimo faz da inadequação (da norma, da expectativa, da promessa) o motor do riso e da crítica. Desta vez, a quebra vem das noções de romantismo no casamento, com propostas econômicas e a ideia de ser “meio” felizes.
Nela, a prova esperava que o aluno mostrasse suas habilidades de interpretação de texto e que sabia “ler nas entrelinhas” uma sátira social. Também é possível explorar a polissemia da palavra “meio”, com a possibilidade de referência numérica (como os números vêm no início do poema) e também com o significado de “mais ou menos, parcialmente” figurativo ao final.
Gabarito: letra “B”
4. Gíria e intertextualidade

Aqui, Verissimo transforma um episódio tradicionalmente narrado de maneira solene em uma conversa de mesa de bar: o nascimento de Jesus Cristo salpicado por gírias. Novamente, o humor nasce da quebra de expectativa. Além disso, ao referenciar outro texto, nesse caso, a Bíblia, a questão também traz intertextualidade.
Além de trabalhar novamente com os diferentes registros da linguagem, o Enem também conversa com a Competência 5 de sua matriz: “analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus contextos”. Já a intertextualidade está prevista na Competência 6, “compreender e usar a intertextualidade como recurso de construção de sentido.”
Gabarito: letra “E”
Prepare-se para o Enem sem sair de casa. Assine o Curso GUIA DO ESTUDANTE ENEM e tenha acesso a todas as provas do Enem para fazer online e mais de 180 videoaulas com professores do Poliedro, recordista de aprovação nas universidades mais concorridas do país.