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“A Noite Estrelada”: entenda a obra de Vincent van Gogh

Com quadro calcado não só na observação e nos sentidos, mas também na memória e na emoção, pintor criou as bases do expressionismo

Por Redação do Guia do Estudante
Atualizado em 4 abr 2023, 15h07 - Publicado em 23 mar 2023, 17h00

Vincent van Gogh (1853-1890) já tinha declarado seu espanto e fascínio com a luz antes mesmo de criar as telas que o tornariam um dos maiores nomes da história da arte. Quando trabalhou como missionário numa mina de carvão na Bélgica, em 1879, descreveu com detalhes a rotina dos trabalhadores centenas de metros abaixo da terra, sujos de escuridão e iluminados por fagulhas de fogo.

Essas fagulhas explodiriam, na forma de estrelas, num dos quadros mais conhecidos do mundo ocidental. “A Noite Estrelada” (1889), hoje na coleção do Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), pode ser considerado obra seminal do expressionismo: a paisagem de fato existiu, mas ganhou os contornos da mente perturbada do artista. Ao apoiar-se na memória e em emoções pessoais, Van Gogh abandona a doutrina do impressionismo, calcada na fidelidade às sensações táteis e visuais provocadas pela natureza, e se lança em nova direção.

Desde que se refugiara em Arles, no interior da França, em 1888, Van Gogh se debruçou sobre experimentos para retratar a noite. Numa das célebres cartas ao irmão Theo (leia texto abaixo), escreveu que “a noite parece muitas vezes mais colorida do que o dia”. Um ano antes de pintar “A Noite Estrelada”, havia feito uma primeira versão do quadro, “A Noite Estrelada em Saint-Rémy” hoje no Museu de Orsay, em Paris – bem mais sóbria.

O pintor criou a segunda versão depois de ter sido internado no sanatório mental de Saint-Paul-de-Mausole, perto de Arles. A paisagem que aparece no quadro é a vista que tinha da pequena janela gradeada de seu quarto. Mas ele a recupera de memória: Van Gogh não pintava à noite, olhando o objeto da tela. Trabalhava à luz do dia, só com a lembrança da noite.

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Os ciprestes, as parreiras e as oliveiras do quadro surgiram de poucos passeios que fez acompanhado de um enfermeiro. Eram coisas que ele já buscava para a composição, como se percebe numa carta escrita ao irmão: “Preciso de uma noite estrelada com ciprestes ou talvez sobre um campo de trigo maduro”. Van Gogh também incorporou ao quadro imagens inspiradas nas paisagens de Jean-François Millet, pintor romântico francês da chamada Escola de Barbizon.

A grande mancha branca, logo à esquerda do centro do quadro, é Vênus, a estrela-d”alva, que também descreveu em suas cartas: “Hoje pela manhã, vi a paisagem da minha janela muito antes de o sol nascer, com nada além da estrela da manhã, que parecia muito grande”. O vilarejo do quadro em parte existe, mas há uma liberdade poética em relação à torre da igreja, uma construção que o artista provavelmente observou em sua Holanda natal.

Ao lado da energia poderosa que emana da tela, percebe-se nela a influência da melancolia. Os ciprestes, que lembram o formato de chamas e, no quadro, são elementos de ligação entre céu e terra, costumam ser associados ao luto e aos cemitérios. “Olhar para as estrelas sempre me faz sonhar. Eu me pergunto se os pontos brilhantes no céu não deveriam ser tão acessíveis quanto os pontos pretos no mapa da França”, disse Van Gogh. “Assim como tomamos um trem para Rouen, tomamos uma estrela para chegar à morte.”

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A técnica e a angústia

Vincent van Gogh dependeu de seu irmão mais novo, Theo van Gogh, para sustentar-se enquanto se dedicava à arte. Os dois haviam trabalhado como marchands, mas só Theo seguiu carreira numa importante galeria parisiense, a Goupil & Cie, de onde articulou boa parte da defesa da obras, não só do irmão, mas de todos os impressionistas.

De 1872 a 1890, Vincent e Theo trocaram extensa correspondência, hoje reunida em livro. Talvez seja o documento mais importante sobre a trajetória artística de Van Gogh, que narra desde as angústias pessoais e dúvidas sobre o ofício a questões de técnica de pintura. À medida que ele adoece, as menções à saúde e à fragilidade da vida aparecem com maior freqüência.

Nas cartas, Vincent também se mostra extremamente religioso, apegado a valores de transcendência espiritual que acaba traduzindo para seus quadros. Ele parecia estar ciente de que vivia um grande momento da arte e afirmava sua condição de gênio incompreendido. “Pense no tempo em que vivemos como uma grande renascença da arte, com novos pintores solitários, pobres, tratados como loucos”, observou em julho de 1888.

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Esquecido, sem jamais ter alcançado o sucesso, Van Gogh se matou com um tiro em 1890. Morreu ao lado de Theo, que caiu em depressão profunda antes de morrer de sífilis, no ano seguinte, internado num sanatório mental.

A Noite Estrelada / Vincent Van Gogh

Técnica: Óleo sobre tela

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Tamanho: 73 x 92 cm

Local: Museu de Arte Moderna, Nova York (EUA)

Esse texto faz parte do especial “100 Obras Essenciais da Pintura Mundial”, publicado em 2008 pela revista Bravo!

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