Rota de fuga: O drama dos mais de 54 milhões de refugiados
LONGA JORNADA Migrantes são escoltados pela polícia na região de Brezice, na Eslovênia, em outubro de 2015: autoridades europeias relutam em permitir a entrada de refugiados
Rota de fuga
Guerras e perseguições políticas e étnicas levam milhões de pessoas a abandonar seus países, gerando o maior fluxo de refugiados desde a II Guerra Mundial
Os grandes deslocamentos migratórios dos últimos anos vêm provocando uma grave crise humanitária. Movidas pelo desespero, mais de 54 milhões de pessoas decidiram abandonar seus países para fugir de conflitos ou perseguições étnicas e políticas. Mesmo que para isso seja necessário encarar longas caminhadas por territórios hostis ou lançar-se ao mar em embarcações precárias e superlotadas. Nem todos os refugiados, no entanto, conseguem concluir a jornada – só em 2015 mais de 3 mil pessoas morreram afogadas no Mar Mediterrâneo, na tentativa de chegar à Europa.
A rota migratória que liga o norte da África e o Oriente Médio à Europa é uma das mais movimentadas no momento. Em 2015, quase 800 mil refugiados chegaram à Europa, por terra ou pelo mar. A maioria deles foge da brutal guerra civil na Síria – que desde 2011 já deixou mais de 250 mil mortos – e de conflitos em outras partes do mundo, como no Afeganistão e na Eritreia.
A porta de entrada na União Europeia geralmente é a Grécia ou a Itália. De lá, grande parte dos refugiados tenta alcançar a Alemanha, país mais próspero do continente. A chanceler alemã, Angela Merkel, concedeu asilo a 800 mil refugiados em 2015 e incentivou o bloco europeu a adotar uma política imigratória mais acolhedora.
No entanto, em nações como Hungria, Eslovênia e Áustria, os governos relutam em autorizar a entrada de estrangeiros em seus territórios. Os refugiados são vistos pelos setores mais xenófobos da sociedade como concorrentes nas disputas pelas concorridas vagas no mercado de trabalho. Nesse cenário, partidos de extrema direita vêm se apoiando nesse discurso para ganhar eleitores insatisfeitos com a crise econômica. Além disso, o governo de países como a Hungria resiste em permitir o ingresso maciço de refugiados muçulmanos, alegando que é preciso defender as raízes e os valores cristãos da Europa.
A atual crise dos refugiados só é comparável ao período da II Guerra Mundial. No maior confronto generalizado da história, mais de 60 milhões de pessoas abandonaram suas casas, sejam chineses fugindo das tropas japonesas ou judeus perseguidos pela Alemanha nazista. Neste capítulo você confere mais sobre os conflitos e as crises que marcaram a Idade Contemporânea e ainda moldam os fatos atuais.