Desafios da integração: As divergências entre os membros do Mercosul
EM QUAL DIREÇÃO? – Presidentes reunidos na Cúpula do Mercosul realizada em Brasília, em julho de 2015: membros do grupo lutam para conciliar os diferentes interesses econômicos
Desafios da integração
O Mercosul, que completa 25 anos em 2016, intensifcou as relações comerciais entre os países-membros, mas ainda carece de uma articulação econômica maior
Criado em 1991, o Mercado Comum do Sul, o Mercosul, surgiu com o objetivo de intensificar a livre circulação de mercadorias e pessoas entre os países-membros. O bloco, formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, além da Venezuela, que ingressou em 2012, completa 25 anos em 2016 enfrentando grandes desafios. Apesar de ajudar a ampliar as exportações entre os países e promover maior cooperação política entre seus membros, o Mercosul ainda tenta superar as dificuldades para consolidar uma integração econômica mais profunda.
Desde a criação do bloco, a corrente de comércio (soma de exportações e importações) entre o Brasil e o Mercosul saltou de 52,6 bilhões de dólares para 454,1 bilhões de dólares em 2014 – um crescimento de 863%. Além disso, o Mercosul também se tornou um importante fórum de articulação política e social entre os seus membros, a partir de iniciativas como a criação do Parlamento do Mercosul e de grupos de discussão de temas que vão de direitos humanos a políticas de transferência de renda.
No entanto, o bloco sul-americano ainda luta para conciliar os diferentes interesses entre seus integrantes. Com economias assimétricas e prioridades distintas na agenda internacional, os membros do Mercosul ainda patinam quando é preciso tomar decisões em conjunto para firmar acordos com outros países ou blocos econô- micos. Em 2015, o Mercosul possuía tratados de livre-comércio apenas com a Comunidade Andina, Egito e Israel.
As negociações entre o Mercosul e a União Europeia com o objetivo de criar uma área de livre-comércio entre os dois blocos já duram vários anos e enfrentam impasse devido à resistência da Argentina em reduzir as tarifas de importação para os produtos europeus. Além disso, existe o receio de que o tratado abra o mercado brasileiro para os manufaturados estrangeiros, enfraquecendo a indústria nacional. Por outro lado, há quem defenda que os ganhos no médio prazo com o aumento das exportações podem compensar essas eventuais perdas iniciais.
Neste capítulo, você volta no tempo e confere como as relações do Brasil com seus vizinhos eram bem mais conturbadas durante o Segundo Reinado, período em que o país se envolveu no mais sangrento conflito da América do Sul, a Guerra do Paraguai.