Atentado à história – O ataque do Estado Islâmico a sítios arqueológicos
Atentado à história
Monumentos considerados Patrimônio da Humanidade pela Unesco no Iraque e na Síria são destruídos pelo grupo extremista Estado Islâmico
BARBÁRIE NO DESERTO – Membros do Estado Islâmico rendem soldados sírios em frente ao anfiteatro da cidade histórica de Palmira, sob controle da organização extremista
Desde que se consolidou como uma poderosa organização militar em 2014, o grupo extremista Estado Islâmico (EI) vem assumindo o controle de amplas áreas nos territórios da Síria e do Iraque. Em maio de 2015, o EI obteve uma de suas mais importantes conquistas: a cidade de Palmira, um oásis localizado na região central da Síria. Além de ser estratégica por dispor de modernas instalações militares e estar próxima a campos de gás e petróleo, Palmira também tem um inestimável valor histórico. Fundada há pelo menos 4 mil anos, a cidade converteu-se em um importante polo cultural e comercial nos séculos I e II, abrigando uma rica arquitetura que combina os estilos greco-romano e persa.
Mas todo esse legado material histórico está sendo pulverizado pelo EI. Após conquistar Palmira, os insurgentes destruíram relíquias milenares, como os Templos de Bel e de Baal- Shamin, além do Arco do Triunfo da cidade antiga. Esses sítios somam-se à lista de patrimônios históricos e culturais que o EI vem transformando em pó nos últimos meses. No Iraque, a cidade histórica de Nimrud, ex-capital do Império Assírio, e a antiga cidade de Hatra, fundada durante o Império Parta, também foram destruídas pelo grupo.
Além de promover execuções em massa e submeter comunidades inteiras à sua tática de terror, os líderes do EI alegam que estátuas, monumentos e templos históricos estimulam a idolatria a falsos deuses – sempre guiados por sua visão deturpada da lei islâmica. Quando não são destruídos, os artefatos são colocados à venda no mercado negro, representando uma expressiva fonte de renda para o grupo. Além disso, a aniquilação desses sítios históricos servem à estratégia do EI de causar um escândalo midiático e chocar o mundo, angariando, assim, mais atenção.
Para a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), entidade responsável por preservar e reconhecer os patrimônios da humanidade, as ações do EI são “um crime intolerável contra a civilização”. Mas a instituição ressalta que a destruição desses tesouros arqueológicos não é capaz de apagar a rica história deixada pelas civilizações da Antiguidade. Nas páginas seguintes, você conhecerá um pouco mais sobre a herança histórica e cultural desses povos.