Antiguidade: Como cai na prova
1. (UNESP 2016) A maior parte das regiões vizinhas [da antiga Mesopotâmia] caracteriza-se pela aridez e pela falta de água, o que desestimulou o povoamento e fez com que fosse ocupada por populações organizadas em pequenos grupos que circulavam pelo deserto. Já a Mesopotâmia apresenta uma grande diferença: embora marcada pela paisagem desértica, possui uma planície cortada por dois grandes rios e diversos afluentes e córregos.
Marcelo Rede. A Mesopotâmia, 2002.
A partir do texto, é correto afirmar que
- a) os povos mesopotâmicos dependiam apenas da caça e do extrativismo vegetal para a obtenção de alimentos.
- b) a ocupação da planície mesopotâmica e das áreas vizinhas a ela, durante a Antiguidade, teve caráter sedentário e ininterrupto.
- c) a ocupação das áreas vizinhas da Mesopotâmia tinha características nômades e os povos mesopotâmicos praticavam a agricultura irrigada.
- d) a ocupação sedentária das regiões desérticas representava uma ameaça militar aos habitantes da Mesopotâmia.
- e) os povos mesopotâmicos jamais puderam se sedentarizar, devido às dificuldades de obtenção de alimentos na região.
2. (ENEM 2015) Trasímaco estava impaciente porque Sócrates e os seus amigos presumiam que a justiça era algo real e importante. Trasímaco negava isso. Em seu entender, as pessoas acreditavam no certo e no errado apenas por terem sido ensinadas a obedecer às regras da sua sociedade. No entanto, essas regras não passavam de invenções humanas.
RACHELS. J. Problemas da Filosofia. Lisboa: Gradiva, 2009.
O sofista Trasímaco, personagem imortalizado no diálogo A República, de Platão, sustentava que a correlação entre justiça e ética é resultado de
- a) determinações biológicas impregnadas na natureza humana.
- b) verdades objetivas com fundamento anterior aos interesses sociais.
- c) mandamentos divinos inquestionáveis legados das tradições antigas.
- d) convenções sociais resultantes de interesses humanos contingentes.
- e) sentimentos experimentados diante de determinadas atitudes humanas.
3. (FUVEST 2016) O aparecimento da pólis constitui, na história do pensamento grego, um acontecimento decisivo. Certamente, no plano intelectual como no domínio das instituições, só no fim alcançará todas as suas consequências; a pólis conhecerá etapas múltiplas e forma variadas. Entretanto, desde seu advento, que se pode situar entre os séculos VIII e VII a.C., marca um começo, uma verdadeira invenção; por ela, a vida social e as relações entre os homens tomam uma forma nova, cuja originalidade será plenamente sentida pelos gregos.
Jean Pierre Vernant. As Origens do Pensamento Grego. Rio de Janeiro: Difel, 1981. Adaptado.
De acordo com o texto, na Antiguidade, uma das transformações provocadas pelo surgimento da pólis foi
- a) o declínio da oralidade, pois, em seu território, toda estratégia de comunicação era baseada na escrita e no uso de imagens.
- b) o isolamento progressivo de seus membros, que preferiam o convívio familiar às relações travadas nos espaços públicos.
- c) a manutenção de instituições políticas arcaicas, que reproduziam, nela, o poder absoluto de origem divina do monarca.
- d) a diversidade linguística e religiosa, pois sua difusa organização social dificultava a construção de identidades culturais.
- e) a constituição de espaços de expressão e discussão, que ampliavam a divulgação das ações e ideias de seus membros.
4. (ESAMC 2016) O que muitos cristãos parecem procurar é o martírio. Muitos governadores de províncias, quando recebem cristãos, fornecem a eles todas as oportunidades para se conformarem com os mais básicos requisitos do Estado – uma oferenda de incenso para o gênio do imperador, por exemplo – mas muitas vezes têm sido repelidos com repetidas manifestações de fé. Os governadores relutam, mas no final são obrigados a expor esses fanáticos às feras e ao martírio.Talvez seja isso o que torna a religião cristã tão atraente para alguns. Acima de tudo, eles seguem os preceitos de um fazedor de milagres que foi, ele próprio, crucificado como um criminoso.
Fonte: LAURENCE, Ray. Guia do Viajante Pelo Mundo Antigo – Roma no Ano 300 d.C. SP: Ciranda Cultural, 2008, p. 31.
Os cristãos mataram muçulmanos nas Cruzadas. Os cristãos mataram judeus em muitos massacres. Enquanto isso, outra dimensão foi adicionada: os cristãos começaram a matar companheiros cristãos acusados de “hereges”. […] Em Alexandria, em 415, a grande cientista Hypatia, chefe da Biblioteca de Alexandria, foi espancada até a morte pelos monges e outros seguidores de São Cirilo, que viam a ciência dela muito como a Igreja, mais tarde, veria a de Galileu.
Fonte: HAUGHT, James A. Perseguições Religiosas – Uma História do Fanatismo e dos Crimes Religiosos. RJ: Ediouro, 2003, p. 53.
A relação entre os excertos pode ser encontrada em:
- a) Desde os tempos do Império Romano, os cientistas eram alvo de perseguições, porém, com o fortalecimento do catolicismo, os cientistas cristãos de perseguidos tornaram-se perseguidores.
- b) As perseguições aos cristãos no Império Romano apresentavam um caráter religioso, enquanto as praticadas pelo catolicismo medieval procuravam eliminar cientistas que contestavam seu poder, independentemente de sua religião.
- c) Os cristãos do Império Romano foram perseguidos por não aceitarem a divindade dos imperadores, enquanto os professantes de religiões não católicas por defenderem a racionalização do pensamento a partir da Idade Média.
- d) As perseguições a religiões diferentes da do Estado ocorrem desde os tempos do Império Romano, chegando ao seu auge a partir da ascensão de católicos aos mais altos cargos políticos na Europa Medieval.
- e) De perseguidos pelo Império Romano, por suas concepções religiosas, os cristãos passaram a perseguidores e, com o fortalecimento do catolicismo, cristãos não católicos também foram por eles perseguidos.
RESOLUÇÃO
1. Questão fundamentalmente interpretativa, cujo texto deixa claro que a única alternativa possível é a C. O trecho apresentado demonstra que os povos vizinhos da Mesopotâmia eram nômades devido à aridez da região, que impedia a fixação da população para a prática da agricultura. Já os mesopotâmicos praticavam a agricultura, aproveitando as planícies férteis no vale formado pelos rios Tigre e Eufrates. Os povos da Mesopotâmia desenvolveram sofisticadas técnicas de irrigação para a produção agrícola, conseguindo, assim, fixar-se na região. Dessa forma, a geografia privilegiada dessa região ajudou no surgimento das primeiras cidades-Estado do mundo.
Resposta: C
2. O sofista Trasímaco negava a existência da justiça como algo importante. Para ele, a justiça não passava de um artifício do mais forte para impor suas determinações e vontades sobre a coletividade, não tendo, portanto, papel significativo na vida das pessoas por não ser real de fato. Dessa forma, a argumentação de Trasímaco reflete a defesa que o próprio Platão fazia da justiça, de que ela deveria ser utilizada como um bem coletivo e não individual. Por ser utilizada para benefício próprio do mais forte sobre os mais fracos, teria perdido seu sentido original e fundamental, que seria o de beneficiar a todos, sem distinção.
Resposta: D
3. O desenvolvimento das pólis na Grécia antiga foi responsável por uma série de transformações, seja do ponto de vista da organização política, seja nas mudanças do espaço urbano. Do ponto de vista da política, podemos identificar o aumento da participação dos cidadãos nas questões referentes à organização da cidade, princípio que, com o passar do tempo, levou ao surgimento do regime democrático. Do ponto de vista urbanístico, a criação de espaços para a participação dos cidadãos em discussões e deliberações, principalmente a ágora (espaço central no qual se reuniam as assembleias), é a grande característica das pólis. Destaca-se, ainda, a construção de anfiteatros para a representação de espetáculos que procuravam estimular o civismo e o patriotismo da população.
Resposta: E
4. Em seus primórdios, o cristianismo era visto pelos romanos como uma seita a ser combatida. Contrários às guerras, à escravidão e se recusando a prestar cultos ao imperador, considerado divino pelos romanos, os cristãos foram violentamente perseguidos. Entre os séculos II e IV, no entanto, a situação começou a mudar: a expansão da religião tornou-se um dos maiores problemas para a manutenção do império, uma vez que a plebe oprimida associava seu sofrimento ao sofrimento do próprio Cristo. Com a liberdade de culto e a proibição das perseguições, determinadas pelo imperador Constantino, por meio do Edito de Milão, em 313, o número de cristãos aumentou de forma substancial. Entre 380 e 381, o imperador Teodósio oficializou o cristianismo como religião do império ao publicar o Edito de Tessalônica. A partir daí, de perseguidos, os cristãos se transformaram em perseguidores de outras religiões, atingindo seu auge na Idade Média, quando o poder do catolicismo era praticamente incontestável. Incialmente sua fúria se concentrou em religiões não cristãs, as chamadas heresias, mas, a partir da Reforma Protestante, cristãos não católicos também passaram a ser alvo das perseguições do catolicismo.
Resposta: E
RESUMO
Antiguidade
MESOPOTÂMIA Estado teocrático, cujo poder se ligava à religião, a Mesopotâmia foi berço das primeiras civilizações na Antiguidade. Sua civilização destacou-se pela organização econômica que, ao lado do Egito, desenvolveu o modo de produção asiático – as terras pertenciam ao Estado e eram utilizadas pela comunidade, que consumia sua própria produção e entregava o excedente para os governantes. Culturalmente, contribuíram com a primeira forma de escrita, a cuneiforme, e com o primeiro código de leis escritas que se conhece, o Código de Hamurabi.
EGITO O Egito também era um Estado teocrático e tinha sua economia baseada na agricultura de regadio, isto é, controlava os ciclos de cheias e vazões do Rio Nilo. Os faraós eram venerados como o próprio deus vivo. O poder estava concentrado nesses representantes, que eram donos das terras, tinham a função de proteger seus habitantes e conduziam as atividades produtivas.
CIVILIZAÇÕES PRÉ-COLOMBIANAS São assim denominados os povos maias, astecas e incas, que precederam a colonização europeia na América do Sul. Eram organizados de forma semelhante à das primeiras civilizações do Oriente (estado centralizado teocrático, hierarquia rígida, propriedade estatal da terra e exploração dos camponeses), apesar das épocas diferentes. Esses povos dominavam a astronomia e aplicavam conceitos geométricos e matemáticos nas edificações.
GRÉCIA A civilização grega estabeleceu as bases da cultura e da política ocidentais. Surgiu por volta de 2000 a.C. e perdurou até o século II a.C. A população vivia em cidades-Estados, das quais Atenas e Esparta eram as mais importantes. Atenas sobressaía pelo desenvolvimento cultural e econômico, enquanto Esparta era uma potência militar. Os gregos criaram a democracia e acabaram dominados pelos romanos.
FILOSOFIA GREGA Tradicionalmente, os estudos sobre a filosofia da Grécia antiga se dividem em três grupos. Para os pré-socráticos, o objeto de estudo era o cosmo, não o indivíduo, e buscavam conhecer o princípio das coisas. A partir dos filósofos clássicos, o objeto de estudo da filosofia deixa de ser o cosmo e passa a ser o indivíduo e suas questões existenciais. Neste período destacam-se Platão e Aristóteles. Os helenísticos abandonaram as questões políticas e morais, direcionando seus estudos para questões que levariam à felicidade dos indivíduos.
ROMA Um dos mais importantes impérios da história, dominou quase toda a região do Mar Mediterrâneo. Costuma ser dividido em três grandes períodos: o monárquico, o republicano e o imperial. O Senado, instituição fundamental da política, originou os atuais Parlamentos. Com o fim das guerras de conquista, o número de escravos caiu, prejudicando a economia e a supremacia romanas. Em 476, foi tomada pelos bárbaros germânicos. A queda de Roma marcou o fim da Antiguidade e o início da Idade Média.