Idade Contemporânea: Doutrinas sociais e políticas do século XIX
PARCERIA DE CLASSE Com o Manifesto Comunista, Marx e Engels inauguraram o socialismo científico
Ideias bombásticas
No século XIX surgiram teorias que marcariam a Idade Contemporânea, estimulando guerras e revoluções
A industrialização e a urbanização da Europa vieram acompanhadas do surgimento de novas doutrinas sociais e políticas. Para justificar o sistema econômico vigente – o capitalismo –, foi elaborado o liberalismo. Para combatê-lo, criou-se o socialismo. O avanço dessas ideias provocou conflitos durante os quais se desenvolveu outra infamadas novidade da época: o nacionalismo.
Liberalismo
Nascido durante o Iluminismo, o liberalismo teve como principais teóricos, na política, o inglês John Locke e, na economia, o escocês Adam Smith. Outros nomes de peso foram os ingleses David Ricardo (1772-1823) e Thomas Malthus (1766-1834). Uma das principais características do liberalismo é a propriedade privada, que seria um direito natural do ser humano. Com ela, o indivíduo teria liberdade de produzir e comercializar, sem interferência do governo, que deve apenas garantir a ordem e a justiça.
Para os liberais, a economia tem leis próprias que não devem ser violadas. Os preços variam de acordo com a oferta e a procura de cada produto, e a livre concorrência entre as empresas elimina as menos eficientes. Os liberais procuravam justificar as desigualdades, afirmando que elas eram naturais e, com o progresso, diminuiriam. A doutrina influenciou as revoluções liberais de 1830 na Europa, que consolidaram o poder político da burguesia.
Socialismo
O socialismo propõe a supressão da propriedade privada dos meios de produção e das classes sociais. Os primeiros teóricos buscaram solucionar os problemas da classe operária por meio de projetos idealistas, em geral voltados para grupos restritos. Esses estudos ficariam conhecidos como socialismo utópico. Em 1848, com a publicação do Manifesto Comunista, os alemães Karl Marx e Friedrich Engels inauguraram o socialismo científico. Eles defendiam a tese de que a história é uma sucessão de lutas de classes e, durante o capitalismo, o conflito se dá entre burgueses e proletários (trabalhadores que vendem sua força de trabalho).
Para explicar como estes últimos são explorados pelas classes proprietárias, Marx e Engels criaram o conceito da mais-valia. Ela corresponde ao trabalho excedente realizado pelo trabalhador, isto é, a diferença entre o valor do trabalho que o proletário realiza e o valor que ele recebe na forma de salário. É desse excedente que as classes proprietárias retiram o lucro, o juro e a renda da terra.
Os teóricos estimulavam os proletários a se unir e lutar contra os burgueses. A vitória resultaria na ditadura do proletariado. O socialismo seria uma etapa de transição para o comunismo, em que o Estado gradualmente desapareceria. Tais ideias influenciariam a Revolução Russa, de 1917.
Nacionalismo
O nacionalismo determina a devoção do indivíduo ao Estado nacional. influenciou as unificações da Itália e da Alemanha e as lutas de independência das colônias. No século XX, inspirou os regimes nazifascistas.
Anarquismo
Os anarquistas acreditavam ser possível existir governo (no sentido de autogoverno, como na democracia direta) sem Estado. No século XIX, o movimento se divide em duas correntes principais. A primeira, encabeçada pelo francês Pierre-Joseph Proudhon, afirma que a sociedade deve ser estruturada em pequenas propriedades baseadas no auxílio mútuo, sendo contra a transformação da sociedade pela violência. A segunda, liderada pelo russo Mikhail Bakunin, propõe uma revolução sustentada pelo campesinato. Operários espanhóis e italianos sofrem influência do anarquismo, mas o movimento é esmagado pelo fascismo.