A redação
Bem, a relação e conflitos de gerações sempre estão se renovando, sempre tem algo a se aprender, a se ensinar, na vida não bastar parar para pensar, tem que sempre buscar mais e mais. Enquanto houver filhos para nascer, sempre vai existir uma “galera”, toda uma geração, seja ela de cultura, de modo de como se comportar, e isso se assemelha e se faz comparações com outras gerações, as passadas, que já tem toda uma história.
– Confira a proposta “O conflito de gerações” do processo seletivo de 2010 da Unicamp
Quem nunca se comparou com a geração de sua mãe, de sua avó, de seu avô? Quem nunca teve curiosidade de saber como se vivia, de como era a época? Mas nem tudo são flores, pois bem, aí começa o chamado conflito, um querendo ser mais que o outro, é inevitável dizer para os mais antigos que agora é tudo bem mais rápido, e que ás vezes eles não entendem isso, pois foram criados de outra forma, e se adequaram desta maneira, deste modo, achando que estão corretos. E logo vem a réplica, dizendo que em seu tempo tudo era feito com mais naturalidade, com mais amor, e que as pessoas saíam á noite para namorar, ver as estrelas, a lua, não tinham medo de viver.
Não é de hoje que isso acontece, sempre somos expostos a isso, nos debatemos. É um conflito desnecessário, porém de orgulho, de honra. No trabalho, nas escolas, em lugares públicos, todas as situações onde se possa imaginar que tenha diferentes idades e gerações, estamos julgando, não importa se o sujeito é uma pessoa do bem ou não, mal o conhece, e somente pela maneira de se vestir já comete o ato de comparar.
Portanto, enquanto houver humanos que estão sempre em plena evolução e renovação, vão existir as comparações e conflitos, pouco se pode fazer, é puro instinto, mas mesmo assim devemos procurar deixar isso um pouco de lado, devemos entender que cada um tem seu tempo, e que é importante o respeito do mesmo.
A análise
Primeiramente, é importante ressaltar que a prova de redação utilizada para a produção do texto em questão é do vestibular de 2010 (modelo antigo da Unicamp) e apresenta três propostas que estão integradas ao conjunto da coletânea. Cada proposta corresponde a um tipo de texto (dissertação, narração e carta argumentativa), um recorte temático e instruções específicas.
A proposta escolhida para ser trabalhada na redação em questão é a dissertação. De acordo com o recorte temático, esperava-se que o texto mostrasse que não é apenas o conflito que marca as relações entre gerações, mas também, segundo a coletânea, o convívio e a troca entre lembranças distintas e a assimilação de saberes específicos de uma geração por outra (sem uma ordem – o mais velho também pode aprender com o mais novo). Deveria se argumentar no sentido de demonstrar que essas relações não se excluem, e que existe uma contínua partilha de saberes sob a forma de um convívio que pode ser conflituoso.
O texto analisado, logo na primeira palavra, já traz uma marca de oralidade – “Bem” – fato repetido a longo do texto com o uso de expressões, como “pois bem”, e com a excessiva colocação de vírgula, dando um caráter oral ao que é escrito, problematizando a modalidade, coerência e, consequentemente, o tipo de texto. Além disso, essas ocorrências agravam a construção de parágrafos confusos e frases mal estruturadas. Claramente não houve o planejamento de texto.
Há pouca argumentação sobre o recorte temático pedido. O texto fica restrito a mostrar, de maneira bastante superficial, apenas o conflito existente entre gerações, apontando somente as diferenças entre elas, ignorando a instrução 2 da proposta – “argumente no sentido de mostrar que essas diferentes formas coexistem”. Apenas no último parágrafo há uma leve tentativa de passar a ideia do convívio das gerações, mas de forma pouco clara. O texto traz uma argumentação fraca, que se restringe quase totalmente em listar aspectos de conflitos e diferenças entre as gerações, deixando de lado a discussão necessária para um texto dissertativo.
Assim, estamos diante de um texto muito frágil do ponto de vista do recorte temático, do tipo de texto e da leitura de coletânea – que é muito pouco utilizada pelo candidato.