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Imagine a seguinte situação: você está quase acabando seu curso superior, mas se dá conta de que adoraria ter outra profissão. Para completar, a área de atuação em que você está se formando não é nem um pouco próxima da que você pretende seguir. Parece complicado, né? Porém questões como essa, no início de carreira, são mais comuns do que pensamos. É o caso da leitora Rebeca Mayure Narita. Ela está no sétimo período do bacharelado em Direito, mas gostaria mesmo é de trabalhar com confeitaria quando acabar a faculdade:
“Bom dia gente! Meu nome é Rebeca Mayure e tenho uma dúvida me assombrando faz um tempo já: faço faculdade de Direito, mas descobri que sou apaixonada pela Gastronomia (mais especificamente, Confeitaria). Acontece que já estou no 7º período do curso, faltam apenas 3 para eu concluir, estou pagando formatura, fora a cobrança que recai sobre mim, e com razão, claro. O que ocorre, é que talvez o curso de Gastronomia não me dê um retorno financeiro como o curso de Direito, o que eu também almejo, não posso negar. Mas minha paixão verdadeira não é o Direito! O que eu queria mesmo, era concluir este e logo depois iniciar o de Gastro. Penso em abrir o meu próprio negócio, inclusive desde já, mas fica a seguinte dúvida: existe a possibilidade de conciliar esses dois cursos e profissões TOTALMENTE diferentes? Ou devo desistir de um e abraçar o outro? Obrigada desde já!”
A dúvida em relação a qual carreira seguir não é o fim do mundo, Rebeca (ainda bem!). Você pode sim conciliar os seus dois interesses, mesmo eles sendo tão diferentes, e uma das formas de fazer isso é investir em cursos livres de confeitaria que ocorram em horários diferentes das aulas na faculdade de Direito. Isso te dará mais segurança na hora de fazer uma escolha.
Para tentar te ajudar, conversamos com alguém que teve uma trajetória profissional parecida. A confeiteira Nathália Monteiro dos Santos, que trabalha no restaurante Attimo. Ela iniciou a carreira em Gastronomia ainda quando cursava a graduação em Jornalismo, pela Universidade de São Paulo (USP). Ela procurou lojas de confeitaria para realizar treinamentos e a paixão pelos doces só foi crescendo de lá para cá. Além disso, após se formar jornalista, Nathália decidiu ingressar de vez na cozinha e fez um curso profissionalizante e uma pós-graduação em Confeitaria e Panificação. Como uma boa formação na área pode ter custos elevados, é preciso contar com alguma renda extra – ponto em que o diploma em Direito pode auxiliar. “Os cursos de Gastronomia são normalmente caríssimos e o Direito pode te ajudar financeiramente no começo dessa transição: depois de formada, trabalhando na área, você pode ganhar um salário bom o suficiente para bancar uma outra faculdade sem grandes problemas”, aconselha a confeiteira.
Confira seu depoimento!
Nathália Monteiro dos Santos, confeiteira no restaurante Attimo, em São Paulo:
“Oi, Rebeca! Eu já estive na mesma situação em que você se encontra agora: durante a faculdade de Jornalismo, eu descobri que gostava tanto de fazer e estudar doces quanto comê-los e fiquei em dúvida sobre mudar ou não de profissão. Logo de cara, meu principal conselho para você é que não seja radical agora: continue a faculdade de Direito e, paralelamente, estude Confeitaria.
Para ser confeiteira, você não precisa necessariamente de um curso superior de Gastronomia. Durante a faculdade, para me ajudar a ter certeza do que queria, investi primeiro em cursos menores. Fiz alguns em lojas especializadas em confeitaria e, com cada vez mais vontade de estudar a arte de fazer doces, ingressei em um curso profissionalizante. Depois, mais certa do que queria, fiz uma pós-graduação em Confeitaria e Panificação. Eu acho importante que você faça o mesmo antes de largar tudo e mudar drasticamente sua vida. Ser cozinheiro exige grandes esforços (longas e exaustivas jornadas de trabalho e grande exigência física são algumas delas) e não são todos que conseguem suportá-los. Aprofundar-se aos poucos nessa nova área vai te dar a chance de escolher com mais certeza entre o Direito e a Gastronomia, te ajudará a ver se você está realmente disposta a aguentar tudo o que a profissão exige e, mais ainda, ser feliz com essa nova rotina. Além disso, os cursos de Gastronomia são normalmente caríssimos e o Direito pode te ajudar financeiramente no começo dessa transição: depois de formada, trabalhando na área, você pode ganhar um salário bom o suficiente para bancar uma outra faculdade sem grandes problemas.
Além de conciliar estudos da faculdade de Direito com a Confeitaria, através desses cursos menores, você pode também fazer e vender seus próprios doces, por que não? Lembro-me que na universidade em que estudei havia mesas de doces em vários lugares onde alunos vendiam seus quitutes aos colegas. Você pode vender seus doces entre seus amigos ou fazer uma negociação com a lanchonete de sua faculdade, para que ela os venda por você! Essa é também uma ótima forma de começar a trabalhar com confeitaria, colocar o que você aprender em livros ou em cursos em prática e, assim, ter mais certeza de qual profissão você deseja seguir.
Se resolver mudar de carreira, saiba que há vários campos de atuação dentro da Gastronomia. Na Confeitaria, você pode trabalhar em cozinhas de lojas de doces, restaurantes, hotéis ou buffets – acredito que essa seja a opção mais comum e a mais fácil de se conseguir emprego aqui no Brasil. No entanto, outras opções incluiriam escrever sobre comida em sites, jornais e revistas, trabalhar em cozinhas experimentais, desenvolver produtos alimentícios para a indústria ou tornar-se docente. Eu optei pela primeira opção (apesar de ter uma grande vontade de escrever sobre comida também) e nunca me arrependi. O trabalho é exaustivo, física e emocionalmente às vezes, o dinheiro é sempre curto, mas ser confeiteiro é delicioso. Pense no encanto que você sente quando vai a um restaurante, por exemplo, e recebe uma sobremesa que não só é linda, mas também muito gostosa. Não é incrível? É isso que você fará todos os dias, para centenas de pessoas: encantar as pessoas através de seus doces.”
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