Relatório aponta aumento no número de ditaduras no mundo; entenda razões
Países que estão se tornando autoritários têm em comum a polarização e a desinformação
Há mais ditaduras do que democracias no mundo – e aproximadamente 72% da população global vive sob regimes autoritários. As informações são do relatório produzido anualmente pelo instituto sueco V-Dem, vinculado à Universidade de Gotemburgo e um dos mais renomados do mundo no tema.
Em 2009, ano de ouro para a democracia no mundo, havia 44 países que se enquadravam como democráticos. Em 2022, este número caiu para 32, enquanto, na outra ponta, o número de governos ditatoriais saltou para 33. Entre eles estão China, Irã, Haiti e Síria.
Não é à toa que o documento afirma que o mundo vive uma “autocratização”.
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A escala da democracia
Vale lembrar, é claro, que nem tudo é preto no branco e a classificação pelo V-Dem considera diversos aspectos dos 180 países analisados. Liberdade de imprensa, segurança das eleições e violência policial são alguns destes fatores.
Por isso, entre uma ditadura e uma democracia plena há um caminho de direitos suprimidos que entram na conta. As chamadas “autocracias eleitorais”, por exemplo, realizam eleições multipartidárias, mas elas não têm o nível de transparência e segurança esperadas em uma democracia. A liberdade de expressão da população também não é assegurada.
Já em uma democracia falha, as eleições costumam ser livres e justas, mas a liberdade de imprensa e outros elementos que configuram um sistema democrático, por vezes, estão comprometidos.
Confira em qual categoria se enquadram alguns países do mundo, segundo a pesquisa sueca.
| Ditadura | Autocracia eleitoral | Democracia falha | Democracia plena |
| China | Iraque | Brasil | Uruguai |
| Coreia do Norte | Venezuela | Áustria | França |
| Arábia Saudita | Angola | Argentina | Alemanha |
| Iêmen | Egito | África do Sul | Japão |
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Desinformação, censura e mais: as causas da “autocratização”
Além de levantar números que indicam o crescimento das ditaduras no mundo, o relatório também tenta explicá-la ao listar quais são os fatores em comum entre os países que estão se “autocratizando” ou “democratizando”.
Aqueles que vivem uma crise na democracia, por exemplo, têm em comum o aumento da censura à imprensa e às organizações da sociedade civil. A liberdade acadêmica e cultural também ficam sob ameaça.
Segundo o instituto, a desinformação, a polarização política e a “autocratização” são elementos que se retroalimentam.
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Os 8 países que nadam contra a maré
Apesar da onda autoritária que varre o mundo, oito países que oscilavam no espectro ditatorial apresentaram uma melhora recente. São eles: Bolívia, Moldávia, Equador, Maldivas, Macedônia do Norte, Eslovênia, Coreia do Sul e Zâmbia.
Algumas mudanças significativas na sociedade e no sistema político justifica essa recuperação. São elas:
- Mobilização popular contra líderes ditatorias;
- Forte atuação do Judiciário;
- Frente ampla da oposição unida à sociedade civil;
- Eleições limpas e eventos-chave que marcaram alternância de poder;
- Apoio de democracias do mundo.
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O caso brasileiro
Este é o quarto relatório seguido do instituto V-Dem em que o Brasil aparece na lista de dez países que mais se “autocratizaram” no mundo. O cenário começou a se tornar crítico em 2015 e atingiu os maiores níveis em 2019. No ano passado, os índices que medem se as eleições são limpas e a violência eleitoral tornaram-se preocupantes, refletindo o cenário polarizado.
E mesmo após as eleições um episódio em específico acendeu o alerta sob os riscos da democracia no Brasil: em 8 de janeiro de 2022, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram o Congresso Nacional reivindicando um golpe no país. O instituto sueco associou o evento à Invasão do Capitólio, nos Estados Unidos.
Apesar de ainda figurar como um país de “democracia falha”, as expectativas do trabalho para o Brasil neste quesito se tornaram melhores com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas últimas eleições.
“O presidente Lula continuará enfrentando desafios para unificar o país, mas tem um histórico de respeito às instituições democráticas durante seu mandato anterior”, enfatizou o relatório.
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