O culpado pela queda no PIB do agro brasileiro
O agronegócio brasileiro amplia sua presença territorial com desmatamento – e, ao que tudo indica, a conta está chegando

Se, em 2024, o PIB (produto interno bruto) do Brasil cresceu 3,4%, o setor agropecuário, que é parte dele, encolheu 3,2%. Afinal, quem é o culpado pelo recuo do agro – mesmo que ele siga como um dos motores da economia brasileira? Nesse caso, houve algo que, se espera, seja ocasional: o país enfrentou crises climáticas ao longo do ano, como as grandes enchentes no Rio Grande do Sul e a extensa seca que atingiu a Amazônia, o Pantanal e o cerrado. O resultado foi uma quebra importante na produção de soja e milho, por exemplo, no ano passado.
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A verdade é que a relação entre produtividade agrícola e preservação do meio ambiente sempre foi difícil e, cada vez mais, se faz urgente achar uma solução para acertar essa convivência.
Os estudos apontam de forma inconteste que a destruição do meio ambiente – e principalmente o desmatamento – desregula o clima, e o que se ganha em termos financeiros no curto prazo perde-se largamente em danos ambientais, sociais e econômicos a prazo mais longo. A própria produção no campo sofre impactos diretos.
As mudanças climáticas são o sinal mais evidente de que as apostas econômicas que ignoram o cuidado com o meio ambiente vão custar muito caro.
Preservação ou desenvolvimento?
O cenário da agropecuária brasileira tomou forma ao longo das últimas décadas, com a alargamento das fronteiras agrícolas. Desde a década de 1960, a expansão e a diversificação da agricultura brasileira tiveram como base o aprimoramento de sementes e a adaptação das culturas a solos e climas diferentes dos de origem.
Houve então uma forte expansão do plantio de grãos (originalmente de clima mais frio, do sul do país) para o cerrado, em Mato Grosso do Sul, Goiás e Mato Grosso, chegando à franja sul da Amazônia. A busca incessante por novas áreas de plantio mais ao norte está diretamente ligada ao desmatamento.
Em 2024, segundo dados do relatório anual do Desmatamento no Brasil, divulgado pelo MapBiomas Alerta, o desmatamento no Brasil foi de 1,24 milhão de hectares nos seis biomas. Apesar de elevado, o número teve um aspecto positivo: houve uma redução de 32,4% em relação a 2023. O cerrado foi o bioma mais desmatado (52,5% do total), e ¾ deste desmatamento ocorreu na região do Matopiba (área contígua do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). A Amazônia vem em seguida, com 30,4% do total.
Ainda há grandes dificuldades para se chegar a uma solução política que equilibre as atividades produtivas no campo com a necessidade de preservação. Os poderosos interesses econômicos envolvidos no processo estão na origem dos embates que opõem os grandes fazendeiros aos defensores da preservação do meio ambiente, do respeito ao Código Florestal e da demarcação das terras indígenas. A força econômica e política do agronegócio se expressa no tamanho da chamada bancada ruralista no Congresso: são 303 deputados (57% do total) e 50 senadores (62% do total).
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