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Bullying: causas, efeitos e como o tema pode aparecer no vestibular

Proximidade do assunto com o universo dos estudantes o torna uma grande aposta para a redação do Enem

Por Karolina Monte
Atualizado em 15 jan 2024, 12h18 - Publicado em 15 jan 2024, 12h00

Nesta segunda-feira (15), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou uma lei que caracteriza o bullying e o cyberbullying como crimes com direito a penas. Para quem pratica bullying, a pena será de multa caso a conduta não se caracterize como “crime mais grave”. Já para quem pratica cyberbullying a punição será de até 4 anos de prisão.

Uma pesquisa realizada em 119 escolas pela Universidade de São Paulo (USP) em parceria com a Universidade de Cambridge revelou que, em 2019, 28,7% dos adolescentes foram vítimas de bullying na capital paulista. Entre grupos pertencentes a minorias sociais o número foi ainda maior: 42,1% dos homossexuais e 39,7% das pessoas com deficiência relataram ter sido vítima deste tipo de violência.

Como não poderia deixar de ser, o cenário se repete no ambiente virtual. Segundo dados da última Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de um em cada dez adolescentes (13,2%) já sentiu alguma forma de intimidação ou violência. Entre meninas, o percentual sobe para 16,2%.

Afinal, o que é bullying?

A etimologia da palavra bullying, do inglês, já é muito mais que meio caminho andado para entender essa violência. O termo deriva do radical inglês bully, que significa valentão ou valentona, adicionado do sufixo ing, que denota continuidade.

Na nova legislação, a prática do bullying é definida como ato de “intimidar sistematicamente, individualmente ou em grupo, mediante violência física ou psicológica, uma ou mais pessoas, de modo intencional e repetitivo, sem motivação evidente, por meio de atos de intimidação, de humilhação ou de discriminação ou de ações verbais, morais, sexuais, sociais, psicológicas, físicas, materiais ou virtuais”. Além disso, o bullying é uma intimidação realizada por crianças e adolescentes. Entre os adultos, este tipo de violência é denominada assédio moral.

+ Como deixar o bullying para trás

Também tiveram mudanças sobre de quem é a responsabilidade no combate ao bullying. De acordo com o artigo 2º da lei 14.811/2024, as medidas de prevenção ao bullying nas escolas devem ser implementadas pelo Poder Executivo municipal e do Distrito Federal, em cooperação federativa com os Estados e a União.

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Já de acordo com o artigo 3º, é de responsabilidade do poder público local desenvolver, em conjunto com os órgãos de segurança pública e de saúde, com a participação da comunidade escolar, protocolos para estabelecer medidas de proteção à criança e ao adolescente contra qualquer forma de violência no âmbito escolar. Esses protocolos deverão prever a capacitação continuada do corpo docente, integrada à informação da comunidade escolar e da vizinhança em torno do estabelecimento escolar.

Como o tema pode aparecer no vestibular

Ganhando cada vez mais projeção e espaço no debate público, o bullying torna-se uma grande aposta para os vestibulares –especialmente para o Enem, que foca em assuntos difundidos entre os jovens. Além disso, o tema concerne exatamente ao universo dos estudantes e estimula a busca por propostas de intervenção. 

Levando tudo isso em conta, separamos duas possibilidades de recorte do assunto e como você pode explorá-los caso se depare com algum deles na prova. 

Impactos do bullying na saúde mental

Para quem sofre as agressões, o bullying não causa apenas dores momentâneas. Ao contrário, seu impacto pode ser levado também para a vida adulta, interferindo diretamente no cotidiano.

Muitas vezes, a criança ou adolescente vítima de bullying sente-se acuado e não consegue relatar a violência a um adulto. Com isso, carrega consigo ao longo de anos traumas de ordem física e psicológica, que podem culminar em vícios, queda no desempenho escolar, isolamento social e falta de vontade em realizar atividades que antes eram prazerosas.

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No vestibular, é importante que o candidato saiba lidar com este tópico de maneira delicada e respeitosa. Propostas de intervenção que visem estimular denúncias e oferecer acolhida são bem-vindas. Algumas dessas propostas poderiam ser a criação de uma cultura escolar acolhedora, com psicólogos à disposição e diálogo frequente entre pais e professores.

Além disso, programas de combate ao bullying dentro das escolas já são obrigatórios por lei  o que garante ao candidato uma carta na manga na hora de apontar os responsáveis por estas ações. 

Cyberbullying

O cyberbullying, como o próprio nome diz, é o bullying praticado dentro do ambiente virtual, em especial redes sociais e aplicativos. Nestes casos, os agressores muitas vezes se mantêm no anonimato ou aproveitam para atacar a vítima de maneira coletiva, já que a veem como mais vulnerável. Para o cyberbullying, a norma também fala em intimidação sistemática, mas apenas feita na internet. Isso inclui redes sociais, aplicativos, jogos online ou “qualquer outro meio ou ambiente digital, ou transmitida em tempo real”.

Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos, o Brasil é o segundo país com mais casos de cyberbullying no mundo. Este fato, aliado ao intenso período de isolamento social e de relações virtuais que o mundo vivenciou durante a pandemia, pode tornar este recorte especialmente atrativo para os vestibulares. 

O cyberbullying também é mais difícil de ser identificado do que no ambiente escolar, já que as agressões são sempre de ordem psicológica e não física – e muitas vezes contam com o anonimato.  Isolamento social, sinais de ansiedade, pânico, depressão e tentativas de suicídio podem apontar para algum tipo de sofrimento dentro das redes.

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A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), que instituiu a obrigatoriedade de participação dos ambientes escolares na conscientização e prevenção ao bullying, também prevê o combate às violências virtuais. Uma das maneiras de atuar neste sentido é por meio da Educação Digital Compassiva (EDC), sugerida pelo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Trata-se de uma educação voltada ao ensino de inteligência interpessoal, que relaciona conceitos como empatia e cidadania em todos os ambientes, incluindo o digital.  

De acordo com o Unicef, o acompanhamento regular dos pais e professores também é fundamental para o combate ao cyberbullying. O respeito à individualidade e à privacidade também deve ser um princípio ensinado em casa e nas escolas. 

O cyberbullying é a prática da intimidação e linchamento virtual, que pode trazer consequências de longo prazo.
O cyberbullying é a prática da intimidação e linchamento virtual, que pode trazer consequências de longo prazo. (HaticeEROL/Pixabay)

Para criar repertório e combater o bullying

O GUIA DO ESTUDANTE já explicou, em alguns textos, que o repertório sozinho não é capaz de render uma redação nota mil  o que mais conta é a habilidade do estudante de argumentar. Ainda assim, reunir boas referências e utilizá-las adequadamente na hora de construir o argumento pode contribuir.

Por isso, separamos alguns filmes e séries que exploram a temática. Além de te ajudar a reunir bons argumentos, eles ainda servem de inspiração no combate ao bullying, conforme explica a psicóloga Bianca Ferreira Larangeira, do Marista Escola Social Ecológica.

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“Em muitos momentos as crianças passam a revelar o que enxergam do mundo por meio daquilo que estão lendo, ouvindo ou assistindo. Esses temas podem se tornar debates em casa ou na escola, reforçando que esse é um espaço que eles podem contar para revelar seus sentimentos”.

No Ritmo do Coração

Filme
(Diamond/Divulgação)

Vencedor em três categorias no Oscar 2022, incluindo melhor filme, “No ritmo do Coração” apresenta a história da adolescente Ruby (Emilia Jones), única capaz de escutar em uma família de pessoas surdas. No enredo, Ruby é vítima de bullying e o tema é explorado com sensibilidade e realismo.

Onde assistir: Amazon Prime Video

Extraordinário

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Filme extraordinário pauta o bullying no ambiente escolar
(Paris filmes/Divulgação)

O filme conta a história de August Pullman, um menino de 10 anos que ingressa tardiamente na escola por conta de uma rara doença que afeta sua aparência. O filme mostra como August vivencia e supera as violências no ambiente escolar.

Onde assistir: Globoplay

Anne com E

Série Anne com E, da Netflix
(Netflix/CBC/Reprodução)

A série conta a história da orfã Anne, adotada por um casal de irmãos idosos. Anne tem um olhar único sobre a vida que a torna alvo de bullying, tanto no orfanato onde vive antes de ser adotada quanto ao longo da série, já no ambiente escolar. O seriado mostra os impactos da violência psicológica e física sofrida por ela e a complexa engrenagem envolvida na prática de bullying.

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