Na última segunda (7), o jornal francês Le Monde publicou um manifesto que já colheu mais de mil assinaturas de acadêmicos de universidades de todo o mundo. A carta tem como objetivo manifestar repúdio às declarações do presidente Jair Bolsonaro e do Ministro da Educação Abrahaam Weintraub de que reduzirão investimentos na área de ciências humanas no Brasil.
Organizado pelo Gender International, rede de pesquisadores com foco nos estudos sobre gênero e sexualidade, o manifesto já conta com assinaturas de Harvard, Princeton, Yale, Cambridge e outras universidades renomadas. A filósofa Judith Butler, da Universidade da Califórnia, também assina o manifesto. Em 2017, ela esteve no Brasil para um seminário e foi recebida por manifestantes que se opunham a sua participação no evento por conta de seus livros sobre gênero.
O manifesto, diretamente dirigido a Bolsonaro, alerta para “as sérias consequências” que o corte na área das ciências humanas pode acarretar na sociedade. Segundo a rede, é errado pressupor que a educação e o ensino superior devem gerar retornos imediatos. Ao contrário, afirmam, “constituem um investimento no futuro das novas gerações”.
Além disso, ressaltam que uma sociedade moderna não se constitui apenas de técnicos especializados, mas de cidadãs e cidadãos. Por fim, declaram que em uma democracia não cabe aos governos definir o que são boas ou más ciências de acordo com suas próprias ideologias.
A carta acaba afirmando que as ciências sociais e as humanidades não são luxo e não devem ser privilégio dos mais ricos. Ao defender os cortes nesta área, o Ministro da Educação brasileiro havia afirmado que quem quisesse estudar Sociologia e Filosofia deveria pagar do próprio bolso, já que essas já seriam áreas dominadas por “pessoas muito ricas, de elite”. A declaração foi contestada pela Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia em uma nota assinada por outras 50 associações.